Delúbio Soares (*)
Abro e ligo o iPad, faço uma viagem na memória. Retorno aos anos 70, professor da rede de ensino público em Goiás, giz entre os dedos, a cal corroendo a pele, os alunos atentos a cada lição, muitos deles estudando em livros herdados de irmãos mais velhos ou comprados de segunda mão. Havia precariedade em quase tudo: na escola, em nossas vidas, no país mergulhado em uma ditadura brutal. De bom, a convivência fraternal entre todos nós e uma certeza absoluta de que o amanhã seria melhor, além de imensa esperança no destino que aqueles jovens traçavam com lápis, borracha, régua, compasso e abnegação.
Como mudaram o mundo, os métodos de ensino, a tecnologia posta a serviço da educação, a cabeça das pessoas! Do passado permanece, apenas, a bendita sede de saber dos estudantes e a sagrada missão de quem os ensina. A longa caminhada até a biblioteca do colégio, a busca nas enciclopédias, a garimpagem dos livros nas estantes altas e empoeiradas, a consulta aos mais velhos e mais sábios, pode ser complementada ou até mesmo substituída com um simples toque, um click, o dedo na tela ou no teclado e o mundo se abre a quem quer conhecê-lo, explorá-lo, vencê-lo.
Tenho tido a alegria de poder testemunhar o avanço da ciência e o crescimento da sociedade brasileira. São complementares, não excludentes e tem deixado marcas profundas e benéficas em toda a nossa vida social, política e econômica.
Erraram os que, como profetas do apocalipse, apostaram que a tecnologia da informação dispensaria o conhecimento humano e a mão-de-obra de centenas de milhões de pessoas em todos os quadrantes do planeta. Pois tem sido o elemento humano o grande propulsor dos constantes avanços de tal tecnologia, ainda mais quando ela se populariza e chega a base da sociedade, ganhando uma escala de produção e de consumo jamais imaginada até poucos anos atrás.
Já tratei da importância dos computadores nas salas de aula, da informatização das escolas, da banda larga da mais alta velocidade em toda a rede pública de ensino, como fatores de suma importância para o melhor rendimento de nossos estudantes. No governo do presidente Lula essa questão mereceu relevante atenção por parte dos Ministérios da Educação e da Ciência e Tecnologia. E ainda há muito por fazer.
Em sua recente viagem à China, plena de êxito pelo número de acordos bilaterais firmados e pela consolidação da parceria comercial, a presidenta Dilma Rousseff teve a oportunidade de anunciar que a gigante Foxconn, uma das maiores empresas mundiais do setor de Tecnologia da Informação, irá ampliar sua unidade industrial em Jundiaí, no interior paulista.
Só nos primeiros três meses de 2011, A Foxconn realizou um investimento da ordem de R$ 231 milhões, visando à instalação de uma linha de produção de iPhones e iPads da Apple, outra gigante da área. E o investimento total será da monumental ordem de R$ 12 bilhões! Em breve, o iPad “Made in Brazil” custará praticamente metade do preço, estando acessível à grande massa dos brasileiros, com as facilidades de financiamento e crédito.
Estamos a um passo de poder adquirir o melhor da tecnologia da informação, o que de mais moderno e sofisticado há no mercado internacional, de mais seguro e confiável existe atualmente, com custos bastante menores. O ministro Paulo Bernardo, das Comunicações, deu largada ao “Processo Produtivo Básico” (PPB), um conjunto de medidas legais pelo qual será possível se comprar aparelhos como DVD, BluRays, iPhones, iPhones, iPods, além de toda gama de produtos de TI com baixíssima carga de impostos e preços altamente competitivos para quem produz e vende e atrativos para quem consome. Já foi o tempo em que o Brasil era governado pelos tucanos, onde computador era “coisa de rico” e o pobre não deveria ter acesso a ele ou, no máximo, contentar-se com o de mais baixa tecnologia numa lan-house do bairro.
Um jovem colunista do site www.brasil247.com.br , Felipe Neto, iniciou campanha pela redução dos impostos nos tablets e eletrônicos e em pouco mais de 24 horas havia conseguido, via internet, o apoio de 230 mil assinaturas de brasileiros do Oiapoque ao Chuí! A meta de Felipe Neto é atingir 1 milhão de assinaturas e entregá-las justamente a uma das maiores entusiastas da sua idéia, a presidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto.
O Ministro Fernando Haddad, da Educação, declarou que a utilização dos iPads nas salas de aula, sua implementação como instrumentos pedagógicos e de aprendizado são uma necessidade e devem seguir o caminho do programa “Um Computador por Aluno” (UCA).
A adoção dos tablets nas escolas públicas, além da diminuição do peso transportado pelos alunos, tem importância econômica e ecológica das mais relevantes, pois diminui custos operacionais de compra e distribuição de material didático, além de preservar florestas inteiras poupando quantidades praticamente incalculáveis de papel.
Existe nas salas de aula deste país uma geração excepcional de jovens que se preparam para escrever a história e tecer o futuro de um país que será cada dia melhor. Como professor confesso só ter me surpreendido no início. Depois, fui me acostumando: a cada ano observava meus alunos e eles eram melhores, mais informados, mais sedentos de saber, mais inquietos quanto ao presente, mais responsáveis quanto ao futuro. Se com régua e compasso, esses jovens só nos têm surpreendido favoravelmente, vamos dotá-los do que de melhor a tecnologia pode oferecer ao talento. O resto, deixemos por conta deles: não nos decepcionarão.
(*) Delúbio Soares é professor
Nenhum comentário:
Postar um comentário