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sexta-feira, 5 de maio de 2017

Meteorologia: A Terra ganhou uma nova nuvem – e ela é assustadora

Asperitas: nuvem se forma em baixa altitude, e surge do choque e sobreposição de duas massas de ar com temperatura e densidade diferentes (Top 10 Stuff/Reprodução)

A pior tempestade da sua vida não dá mais medo que a asperitas, nuvem "inédita" que acaba de ser reconhecida oficialmente pela ciência


Ficar com a cabeça nas nuvens é ótimo – todos nós precisamos de férias. Mas há quem leve a expressão popular à sério (e ao pé da letra): “nós amamos as nuvens”, lê-se na página inicial da CAS, a Sociedade de Apreciação das Nuvens. “Para nós, elas são a poesia da Natureza [sim, com “N” maiúsculo] e a mais igualitária de suas demonstrações, pois todos podem ter uma visão fantástica delas […] As nuvens são feitas para sonhadores, e sua contemplação é boa para a alma.” Em 2009, Gavin Pretor-Pinney, o fundador da sociedade, adotou para si uma missão muito particular: incluir a “undulatus asperatus”, um tipo de nuvem não reconhecido pela ciência, no Atlas Internacional das Nuvens, um dos livros de referência mais importante dos estudos meteorológicos.

Agora, oito anos depois, ele conseguiu. O nome mudou de leve – foi abreviado para “asperitas”, simplesmente, palavra latina que deu origem ao português “aspereza” – mas a nuvem, que você pode ver na compilação de vídeos abaixo, está na primeira leva de adições oficiais ao atlas desde a edição de 1975. É preciso admitir: nem um cientista com coração de frente fria resistiria à descrição literária que Pretor-Pinney faz de sua felpuda de estimação: “Há ondas na base da nuvem, que podem ser lisas ou salpicadas de pequenos traços característicos – inclusive pontas afiadas descendentes, como quem vê a superfície do mar revolto por baixo [imerso na água]. Níveis variados de iluminação e espessura criam efeitos visuais dramáticos.” Segundo o The Verge, esse tipo de nuvem se forma em baixa altitude, e surge do choque e sobreposição de duas massas de ar com temperatura e densidade diferentes.

Além da nova colega áspera, as nuvens que já estão no atlas ganharam outras onze companheiras na edição de 2017. A “cavum”, que tem um buraco no meio, a “murus”, que flutua abaixo de tempestades intensas e volta e meia se torna parte de um tornado, são outros dois destaques da primeira atualização do livro em mais de 40 anos. Também foi incluída na classificação oficial uma categoria chamada “homogenitus” – inteira dedicada a nuvens geradas pela atividade humana, como as trilhas de condensação de água deixadas para trás pelas asas e turbinas de aviões. Vale lembrar que nuvens tem níveis de classificação diferentes, e onze dos doze novos nomes são subdivisões inéditas de tipos de nuvem já conhecidos. Este conteúdo foi originalmente publicado no site da Superinteressante.

Astrofísica: Chuva de meteoros do Halley poderá ser vista nesta madrugada

Chuva de meteoros: Perseida (Reprodução/Getty Images)

Eta Aquáridas, formada pelos detritos do famoso cometa, poderá ser observada a olho nu a partir da 1h. Previsão é de 20 a 40 estrelas cadentes por hora


Na madrugada desta sexta-feira para sábado será possível ver a chuva de meteoros Eta Aquáridas, formada pelos detritos do Cometa Halley. Estão previstas entre vinte e quarenta estrelas cadentes por hora que vão riscar o céu a partir da constelação de Aquário, no horizonte Leste do céu, podendo ser vistas a olho nu no Brasil. Elas estarão visíveis a partir da 1h, mas o melhor horário para observação será às 4h do sábado, depois do pôr da Lua.

Chuvas de meteoros são fenômenos anuais que acontecem quando a Terra atravessa uma região que já foi trajeto de um cometa. Isso porque, ao se aproximar do Sol, o cometa perde matéria e deixa um rastro pelo caminho. Quando essa poeira entra na atmosfera da Terra, as partículas ganham alta velocidade e produzem luz. A Eta Aquáridas é formada pela matéria que o cometa Halley deixou para trás em suas passagens pelo planeta a cada 75,3 anos – a última aconteceu em 1986 e a próxima será em 2061. Ela se encontra com os céus terrestres entre 19 de abril e 28 de maio, com o pico de meteoros em 6 de maio. A chuva de meteoros recebeu este nome pois parece se originar da estrela Eta Aquarii, que forma o jarro d’água da constelação de Aquário.

Para visualizá-la, quanto menos iluminação no céu, melhor. Os astrônomos aconselham que a visualização seja a olho nu e feita longe de grandes centros urbanos, para evitar a poluição luminosa e atmosférica que atrapalham a visão do fenômeno. O uso de binóculos e lunetas, por sua vez, não é recomendado, já que esses instrumentos limitam muito o campo de observação.

Constelação de aquário, de onde a chuva de meteoro irá surgir neste sábado (Museums Victoria/Stellarium/Divulgação)

Astrofísica: Cassini capta o primeiro ‘som’ entre os anéis de Saturno

Imagem artística mostrando a sonda Cassini no mergulho entre Saturno e os anéis do planeta (NASA/JPL-Caltech/Divulgação)

Durante seu mergulho rumo ao interior do planeta, a sonda gravou o estranho ‘barulho’ no vazio entre o gigante gasoso e seus anéis 


Imagine-se sozinho no espaço, mergulhando entre Saturno e seus anéis. Que barulho você acha que existe lá? Embora nenhum humano tenha vivido essa experiência ainda (e, teoricamente, mesmo que vivesse, não escutaria nada sem a ajuda de um dispositivo), desvendar os sons do universo é exatamente o que a sonda Cassini está tentando fazer neste momento. O áudio que ela gravou durante o primeiro mergulho de sua travessia entre o gigante gasoso e os anéis foi divulgado pela Nasa na última segunda-feira – e ele traduz em sons os impulsos elétricos emitidos quando as pequenas partículas presentes ali são vaporizadas.

Como o som propriamente dito não se propaga no espaço, é necessário algum dispositivo para converter as vibrações eletromagnéticas em algo que possamos, efetivamente, escutar. Os ‘barulhos’ foram captados em 26 de abril de 2017, quando Cassini iniciou seus mergulhos entre o planeta e os anéis, pelo Radio and Plasma Wave Science (RPWS, na sigla em inglês), um instrumento instalado na sonda. Depois que as partículas (do tamanho de um grão de poeira) atingem as antenas da nave, elas se transformam em pequenas nuvens de plasma ou gás carregadas eletricamente. Essas explosões que acontecem quando as partículas são vaporizadas emitem sinais elétricos sutis, mas que podem ser captados pelo RPWS e transformados em sons audíveis ou imagens, resultando no vídeo abaixo.

Enquanto Cassini realizava seu mergulho pelo espaço entre Saturno e seus anéis, a sonda era protegida por uma antena que funcionava como um tipo de escudo. O RPWS, no entanto, ficou de fora da proteção para captar melhor os sinais elétricos. O que os cientistas perceberam após escutarem os áudios é que, em comparação com a quantidade de explosões que Cassini registrava antes de adentrar a região, o espaço entre o planeta e os anéis possuía poucas partículas (apesar de identificáveis no áudio), fazendo jus ao apelido de “grande vazio”, dado pelo diretor da missão da Nasa, Earl Maize. Com a experiência, os cientistas também puderam considerar a quantidade de partículas existentes e ponderar se, para concluir a travessia, seria necessário que a sonda continuasse utilizando o escudo de proteção para evitar danos causados por colisões com esses pequenos grãos congelados.

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