As sondas espaciais norte-americanas Voyager 1 e 2, lançadas no espaço em 1977, registraram condições diferentes quando atravessaram a heliopausa.
As observações realizadas pelas sondas Voyager da NASA mostraram vários fenômenos inusitados ligados à heliosfera – uma bolha magnética dentro da qual o vento solar circula a velocidades supersônicas, segundo o diretor do projeto da NASA, Edward Stone.
O especialista explicou que as sondas espaciais lançadas em 1977, ao ultrapassarem a heliopausa, que é o limite da heliosfera, registraram condições diferentes em 2012 e 2018, sendo que a Voyager 2 voou através desta camada externa muito mais rápido do que a Voyager 1, detectando uma estrutura diferente da que fora captada pela primeira sonda, destaca Reuters.
© FOTO/ NASA/JPL-CALTECH
Representação das sondas Voyager 1 (em cima), Voyager 2, o Sol, a heliosfera e a heliopausa, agosto de 2017
"Vamos supor que esse limite não é fixo, mas se movimenta para a frente e para trás de acordo com o ciclo da atividade solar" o que indicaria que o "Sistema Solar 'respira'". Isso é algo que "complica dramaticamente a imagem", explicou Stone. Para ele a diferença poderia ser parcialmente explicada pelo fato de que as duas sondas atravessaram a heliopausa em regiões diferentes da heliosfera.
Outro cientista, Stamatios Krimigis, considerou "muito estranho" que, em ambas as vezes, a heliopausa estivesse a uma distância similar do Sol, cerca de 18 bilhões de quilômetros, embora "uma sonda a tenha cruzado durante a atividade solar máxima e a segunda durante a mínima".
A agência espacial norte-americana descobriu que o campo magnético do espaço interestelar é mais estável do que se pensava antes, sendo que as sondas não detectaram alterações na sua direção, embora a Voyager 2 tenha revelado que a radiação do espaço aberto é cerca de três ou quatro vezes mais intensa do que na heliosfera, o que significa que os voos interstelares exigem medidas de proteção mais eficazes.
Apesar destes progressos, as sondas Voyager estão muito longe de sair do Sistema Solar. Para realizar este objetivo teriam que ultrapassar a nuvem de Oort – uma série de objetos espaciais que está sob a influência gravitacional do Sol. A NASA estima que seria necessário aguardar por volta de 300 anos para entrar na nuvem e cerca de 30 mil anos para viajar mais além.