Os Estados Unidos possuem presença militar na América Latina por mais de um século. Desde intervenções na América Central até a construção de bases na América do Sul, a política de Washington para a região gera mais dúvidas do que certezas.
No dia 31 de julho, o Brasil foi designado como
aliado prioritário fora da OTAN pelo presidente norte-americano, Donald Trump. A medida dá ao Brasil facilidades na aquisição de equipamentos militares produzidos nos EUA e pode intensificar a cooperação militar entre o Brasil e os países membros da OTAN.
Base militar
Ao mesmo tempo, se tornou pública a construção de uma base militar americana na região da Tríplice Fronteira, onde territórios do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram.
"Os militares americanos já estão aqui. A construção da base está a todo vapor",
disse em entrevista à Sputnik Mundo o político uruguaio Wilson Ferreira Aldunate.
A princípio, a base ajudaria autoridades dos três países no combate ao narcotráfico, assim como intimidaria
supostos terroristas presentes entre a grande comunidade árabe na região, segundo afirmou o diretor do Instituto de Problemas Nacionais da Universidade Nacional de Lanús, Ernesto López.
No entanto, tal razão seria um simples pretexto. Em 2009 a Colômbia e os Estados Unidos celebraram um
acordo militar que previa o emprego de tropas americanas no combate ao narcotráfico no país sul-americano. Desde então, a cooperação militar pouco influenciou o narcotráfico no país. Segundo Ernesto López, a Colômbia hoje produz 80% de toda cocaína introduzida nos EUA.
Sendo assim, o aumento da presença militar dos EUA na América Latina se demonstrou ineficiente no combate ao narcotráfico, tornando a suposta construção de sua base no Cone Sul pouco fundamentada.
O X da questão
Para Ernesto López, os EUA teriam um interesse muito maior na região, o Aquífero Guarani.
Estendendo-se por cerca de 1,2 milhão de km², a grande reserva de água potável está presente nos territórios do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai,
divulgou o instituto Águas Paraná. Cerca de 65% desta área está em território brasileiro.
Estima-se que o aquífero possui um volume de água de 45 mil km³. Além disso, em caso de falta de água potável no mundo, o reservatório poderia atender a população mundial durante 200 anos.
Segundo dados de 2002 da Organização das Nações Unidas, em 2025 cerca de 3 bilhões de pessoas deverão sofrer
falta de água própria para consumo,
publicou a Agência Nacional de Águas. Tal situação demonstra a importância de aquíferos com água potável.
A presença de militares dos EUA bem na região onde está situado o aquífero representaria um passo à frente de Washington na sua tentativa de obter controle do aquífero. A presença militar dos EUA na região poderia ser um sinal da corrida pela água no mundo.