As Armas de Satanás.Seme hazad, Azazel, Belial, Mastema, Asmodeu, como o chamavam, entre muitos outros nomes, os antigos hebreus? Ele: Eblis, como dizem os muçulmanos? O “Old Man” (o “Velho”), como diziam na Escócia, o David Jones, como o nomeavam os antigos caçadores de baleia de língua inglesa, o “Macaco de Deus”, como dizia na Idade Media, porque procura imitar Deus, embora de maneira sempre imperfeita, ou inversa? Ele: o Maligno, o Inimigo, o Tentador, o Maldito, o Pai da Mentira, o Príncipe deste Mundo, como se disse e se continua dizendo em varias línguas, credos e épocas? O Cão, o Arrenegado, o Beiçudo, o Azucrim, o Tinhoso, o Coxo, o Anhangá, o Rabudo, como diz Brasil a fora, e o dicionário Aurélio registra? O que “não é mas, finge ser”, como escreveu Guimarães Rosa? Ele: Satã, Satãs, Belzebu (“O Senhor das Moscas”, na origem etimológica hebraica), Mefistófeles, Mefisto, Lúcifer? Como vai o Demo, enfim, o Demônio, o Diabo? Como anda seu prestigio, sua fama e influencia, neste inicio de século e de milênio? Prestes a adentrarmos a Era de Aquário? Ainda haveria lugar para ele, neste mundo nosso de tanta tecnologia, informática e uma Mídia potente? Com certeza vai muito bem, esta é a proposta seja qualquer o nome que ele seja chamado. Vivo e forte.
As religiões com certeza é seu principal marketing. Como diz a origem do nome o papel é religar.
A implicação é que o Mal existe, em si e por si, e, portanto existiria seu agente Maximo, o Asmodeu, Belial, Azazel. O aiatolá Khomeini identificou o demo em variegados adversários, inclusive o escritor Salman Rushdie.
O Diabo vai bem e continua aprontando, mesmo numa época em principio regida pela ciência e pela razão, em que a informação corre rápida e, em geral, livre, e a educação fez enormes progressos. Na opinião de teólogos da Igreja Universal do Reino de Deus, nota-se a presença da ação do Diabo em muitos acontecimentos. Eles defendem a tese de que quanto mais nos aproximamos do final dos tempos, maior é a ação do Diabo.
Muitos religiosos ao citar o Diabo, talvez estejam recorrendo a uma metáfora, uma alegoria, um símbolo. Outros se referem a um diabo literal. Acredita nesse diabo de verdade, concreto, se é que entidades espirituais podem ser concretas, desde uma personalidade universal como o papa João Paulo II até uma criança do subúrbio.
O papa João Paulo II afirmou por varias vezes que o Diabo não é uma fantasia. “O Diabo existe. Espalha desordem na sociedade e incoerência no homem”, disse ele numa ocasião. Em outra, disse: “Onde estão os santos está também um outro, que não se apresenta com seu verdadeiro nome. Ele se chama Príncipe deste Mundo, o Demônio”.
Martinho Lutero (1483-1546) escrevia: “O Diabo é um rude contentador, a quem dificilmente se resiste”. Ele sabia do que estava falando. Pois segundo diziam alguns, Lutero travava combates hercúleos, e quase diários, com Satanás. Uma vez, furioso ao perceber que ele se aproximava no forma de uma mosca, jogou-lhe um tinteiro em cima.
Logo depois de se ter casado com a ex-monaja Catalina, ele escreveu: “Ele (o Diabo) dorme mais colado a mim do que a minha Catalina”. Santo Antonio, o cenobita (251-356), enfrentou no deserto, o terreno por excelência das lutas contra Belzebu, nos primeiros séculos do cristianismo, tentações tremendas. Uma vez, o Demo presenteou-o com uma coleção de gravuras pornográficas, que ele só conseguiu apagar com água benta.
Vemos no Antigo Testamento da Bíblia a historia de um homem que havia na terra de Hus, chamado Jó. Sua historia nos conta que todas as desgraças que ele sofreu se deu por intermédio de Satanás.
Todo o enredo descrito nesse romance bíblico se apresenta a nós como se fosse uma aposta entre Deus e o Diabo. Einstein dizia que Deus não joga dados no universo, mas nesse dia jogou. Satanás fez pouco caso da santidade de Jó. “Como não ser fiel a Iaweh” – argumentou – “ se este deu tudo a seu servo amado – fortuna, segurança, prestigio, uma boa família? Tira-lhe o que tem” – desafiou – “e garanto que te lançara maldiçoes no rosto”. Iaweh então concorda em deixar que satanás vá atazanar a vida de Jó, desde que lhe poupe a vida. O jogo está feito, como dizem os Mestres: o Maha Lilá.
Vemos através do livro de Jó Satanás numa de suas mais intrigantes atuações. O episodio nos fornece um bom material para começar a indagar: quem é, afinal, o Diabo? O livro da americana Elaine Pagels (Ediouro), chamado As Origens de Satãs, fala a respeito desse assunto. O livro de Pages é marcado pelo rigor de uma especialista e enfeixa uma tese. Pagels ressalta o fato de Satanás aparecer no episodio de Jó como um anjo qualquer, um “filho de Deus”, que comparece perante seu Senhor no dia marcado. Ele aterroriza e prejudica uma pessoa com os piores castigos, na historia de Jó, mas não deixa de comportar-se, até o fim, observa Pagels, como “um servo de Deus”.
O Satanás do Antigo Testamento apresenta traços diferentes daqueles que viria a assumir no cristianismo, eis a conclusao de Pagels. Essa também é a opinião de Cousté um outro autor argentino domiciliado na Espanha, que lançou o livro Biografia do Diabo (Editora Record). Alberto Cousté é quem narra as atribulcoes sofridas por Santo Antonio e Lutero.
Cousté tem formação diferente de Pagels, pois ele é um poeta e romancista, enquanto Pagels tem formação acadêmica, professora de historia da religião da Universidade de Princeton.
Os dois livros, apesar das diferenças, têm aspectos em comum, e um deles é o olhar atento que ambos os autores lançam ao papel de Satanás no livro de Jó.
Num outro episodio, o de Balaão e a jumenta, que aparece no Livro de Números, Balaão teima em desobedecer a Deus, e envereda por um determinado caminho que Este lhe proibira. Deus manda então satanás obstruir-lhe o caminho, aparecendo à sua jumenta, e fazendo-o voltar à linha reta. Mais claramente ainda, o Diabo aqui é um assessor de Deus. Escreve Pagels: “Na Bíblia hebraica, como na corrente principal do judaísmo até hoje, Santas nunca aparece como a cristandade ocidental veio a conhêce-lo, como líder do império do mal, de um exercito de espíritos hostis em guerra contra Deus e a humanidade”.
O livro de Cousté, de âmbito muito maior, no tempo e no espaço, que o de Pagels, faz uma panorâmica das entidades do mal que aparecem em diversas religiões da antiguidade. Nenhuma é tão má, ou dedicada de tempo tão integral ao mal, como viria a ser o Diabo cristão. Os “daimones” gregos, palavra da qual se origina “demônio”, podiam ser bons ou maus. Sócrates dizia ter um. Em sua ultima aparição, com Sócrates já condenado a tomar cicuta, aconselhou-o a estudar musica. Satanás começa a tomar forma que hoje lhe é atribuída, nota Cousté, nos textos apocalípticos, a começar pelo livro de Daniel. Os essênios, seita judaica surgida cerca de século e meio antes de Jesus, aperfeiçoaram-no ao descrever o mundo como um campo de batalha entre as forças da luz e as forças das trevas, conforme descrito na literatura essênia contida nos Manuscritos do Mar Morto, descobertos em 1947.
No livro de Pagels, os essênios também merecem destaque, como modeladores da figura do Demônio tal qual nos chegou. Com eles, Satanás “deixava de ser um dos servos fieis de Deus” e começava a tornar-se parecido com a personagem dos Evangelhos e da cristandade posterior, nos fala Pagels.
A legenda em torno das forças do mal foi reforçada por velhas historias, como a da revolta dos anjos e da queda de Lúcifer, que foram repostas em circulação pelos essênios e outros grupos na mesma época. Essas historias não constam dos livros canônicos da Bíblia, mas sim de outros escritos judaicos. Por isso volto a afirmar que a Bíblia não é completa, não tem respostas pra tudo e não engloba todas as verdades absolutas. Portanto ela não é atemporal nem a Palavra de Deus, mas contem muitos fragmentos e revelações Dele.
Quando Jesus nasce, parece que já adquirira certa consistência à idéia de uma entidade voltada exclusivamente para o mal, desafiadora de Deus e dedicada à tentação dos homens. Não admira, assim, que a vida de Jesus seja descrita no Novo Testamento, como uma luta infrene contra o Demônio, desde o episodio da tentação no deserto, que no Evangelho de Marcos, tido como o mais antigo, aparece logo no inicio, em seguida o ao batismo no Rio Jordão; até a traição de Judas, que no ultimo Evangelho, o de João, aparece como tomado pelo Diabo na Santa Ceia, pouco antes de perpetrar sua traição. A leitura dos Evangelhos sugere, segundo Cousté, que “Jesus se acha inteiramente consciente de que sua principal tarefa é destruir Satã, sua obra e seu poder”.
Satanás ainda não estava completo, no entanto. Nos Evangelhos de Mateus e Lucas, na cena da tentação, Jesus dialoga longamente com ele. O Diabo pede que ele transforme pedras em pão, e Jesus nega. Leva-o então para o telhado do templo e desafia-o a se jogar de lá, para provar que é Deus. Leva-o a uma montanha e oferece-lhe todos os reinos do mundo. Jesus nega sempre. Cousté vê nessa convivência, nesses diálogos e nesse entrechoque de propostas uma certa maleabilidade, de parte a parte: “Jesus suporta pacientemente as investidas do inimigo, não desdenha sua companhia, não o intima a desaparecer, aceita inclusive ser transportado por ele até os telhados do templo; tem, por assim dizer, uma relação dialética com o rival, na qual este também se mostra à altura do tratamento, sem ofuscar-se em nenhum momento”. Trata-se de um Diabo, segundo o autor argentino, que ainda não é puro terror. Ainda não é o que viria a ser para os eremitas no deserto, três séculos depois, nem “o tenaz ludibriador dos encontros noturnos medievais”.
Santo Antonio é o campeão entre os tentados, mas há outros casos fortes. Macário, o egípcio (300-340), afirma ter sido visitado, durante um conselho de ermitões, por uma legião de demônios, que lhe propunha indecências. Começa a ser marcante a identificação do pecado com o sexo. São Gregório Magno (540-604) contava a historia de um abade, Equitius, que vivia atormentado pelos demônios da luxuria, até que um anjo bom aparece-lhe um dia, tocou-lhe o sexo e concedeu-lhe a graça da insensibilidade e da impotência. De perseguido, o cristianismo era agora religião oficial, e o Diabo ocupava um lugar no centro do sistema. “Em sua ascensão, a igreja triunfante fez questão de carregá-lo consigo”, escreve Cousté.
Para nós o que fica bem claro é que o Diabo se apresenta em épocas diferentes com formas diferentes. Isso acontece por causa da necessidade de adaptação cármica do planeta e também da forma como ele é enxergado ou desenhado pelas pessoas. Em especial a religião cristã sempre teve um maior interesse na existência do Diabo, pois sem ele certamente deixariam de existir, pois muitos fazem seu marketing seu utilizando do medo das pessoas em espcial as sem informação.
O livro de Pagels descreve a mesma trajetória histórica, mas para assinalar uma constante e extrair uma conclusão. A constante é a utilização de Satanás, no cristianismo, para caracterizar o inimigo. Ele é o “judeu” nos Evangelhos – entendido este “judeu” como o representante da caudal principal do judaísmo, aquela que não aceitou Jesus e, portanto, não se vergou à dissidência crista. Pouco depois Satanás seriam os pagãos – os habitantes do império romano que opunham resistência ao avanço critao. E depois, ainda, os “hereges” é que seriam Satanás – os que ousavam discordar, ter opiniões próprias, desviar-se da linha imposta pela Igreja. A conclusão da autora é que Satanás é quem não concorda conosco.
Assim agem hoje os evangélicos que atribuem a Satãs tudo que é contrario ao ideal dos pastores sedentos pelo dizimo dos fieis e buscadores de popularidade e poder. “Todos os que não seguem o Evangelho é um pecador e como tal ira para o inferno”, afirmam eles. Muitos deles que são afro-descendentes atacam com unhas e dentes os cultos afro-brasileiros renegando a cultura de seu povo e incorrendo a uma das armas mais fatais de Satanás que é o fanatismo.
Em outros tempos Satãs incentivou através da ambição a violência, com sacrifícios humanos e lançou guerras e discórdias no mundo, mas sempre fracassou em seus intentos de destruir a humanidade. Tentou destruir as escrituras, mas isso só gerou mais fé. No entanto como ele tem uma mente muito maligna e pensante chega a nossa época incentivando a pregação do Evangelho, mas de forma distorcida, com um intuito desunir pra comandar, ao contrario da Ordem Suprema de Melquisedek que é unir para reinar. Pois, o grande número de seitas no planeta só gera contendas, ódio e desunião, fortificando assim o Diabo e os seus planos.
Carlinhos Lima – Astrólogo e Pesquisador.