(Victor de Schwanberg/Science Photo Library/Getty Images) |
Com cinco vezes a massa do Sol, ele está a mil-anos luz da Terra. Sua descoberta pode ajudar a encontrar outros buracos na Via Láctea.
Na última quarta (6), um grupo de astrônomos afirmou ter localizado um buraco negro a mil-anos luz da Terra – o que o torna o mais próximo do nosso planeta já registrado.
O buraco negro foi encontrado na constelação de Telescopium – não, não é piada –, em um sistema chamado HR 6819, com duas estrelas, e foi observado a partir dos telescópios do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile.
Não está convencido de que ele está perto de nós? Os cientistas garantem que, quem estiver no hemisfério Sul, em condições ideias, consegue observar as estrelas do sistema onde o buraco negro está a olho nu, sem a necessidade de equipamentos. É que o espaço é grande, mesmo.
A pesquisa, publicada na revista Astronomy & Astrophysics, começou como uma observação sobre como se comportavam sistemas com estrela dupla – assim como os dois sóis de Tatooine, em Star Wars.
Mas ao analisar as trajetórias das duas estrelas do HR 6819, eles formularam a hipótese de que deveria haver outro corpo ali e que, embora ele não emitisse luz, fazia com que as estrelas girassem ao redor dele.
“Percebemos que não era possível descrever o que vimos com apenas duas estrelas”, disse ao jornal The Guardian Dietrich Baade, astrônomo do ESO e co-autor do estudo. O objeto misterioso tem massa cinco vezes maior que a do Sol e é invisível – em outras palavras, é um buraco negro.
Caçadores de buracos negros
Pelo seu tamanho, o buraco negro recém-descoberto entra na classificação dos estelares – bem menores que os gigantescos buracos negros supermassivos, encontrados principalmente nos centros das galáxias.
Dessa forma, o sistema forma o que os cientistas chamam de triplo hierárquico: uma das estrelas orbita o buraco negro em um ciclo de aproximadamente 40 dias, enquanto a outra estrela fica a uma distância maior dos outros dois corpos.
Além disso, esse buraco negro possui algumas particularidades. Uma delas é ser extremamente escuro em comparação aos outros buracos estelares que já conhecemos da Via Láctea, que brilham intensamente em raios-x.
Uma hipótese para esse fenômeno é que, nos outros casos, os buracos negros estão sempre acompanhados que estrelas que perdem muito gás. Esse gás, conforme é engolido pelo buraco negro, se aquece e emite luz. No sistema HR 6819, as estrelas não apresentam essa característica, e o buraco, “com fome”, acaba ficando mais escuro.
A descoberta pode ajudar na busca por buracos negros onde, antes, eles passam despercebidos. Atualmente, os astrônomos sabem da existência de algumas dezenas de buracos negros na Via Láctea. Mas isso é só a pontinha do iceberg: modelos teóricos indicam que podem haver de 100 milhões a 1 bilhão deles em nossa galáxia.
E as hipóteses já começaram a surgir. O próximo pode estar na constelação de Gêmeos: o sistema LB-1 intrigou os pesquisadores na época de sua descoberta, quando suspeitaram que ele seria formado por uma estrela e um buraco negro. Novas pesquisas dirão se é isso mesmo.
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