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sábado, 19 de fevereiro de 2022

O poder feminino no Tarô





Com as sucessivas invasões dos povos indo-europeus, e os hiéros gámos (uniões sagradas) entre seus deuses e a divindade suprema do matriarcado, surgiu o que pode ser chamado de departamentalização do feminino. Hera, o poder, está associada às palavras-chave imperatriz, regente, esposa, tradição, casamento, companheirismo, moralidade e matriarca. Atená, a civilização, se relaciona com educação, cidade, cultura, carreira, profissão, competição e intelectualidade, sendo também a filha obsequiosa ou rebelde. Deméter, a mãe, por sua vez é o corpo como receptáculo, a senhora das plantas, a mãe-terra, tendo também como palavras-chave menstruação, gravidez, geração, amamentação, acalento e fertilidade. Ártemis, a natureza, é a amazona, a xamanista, a caçadora, a amante dos ermos, a senhora das feras e a aventureira. Perséfone, o mundo avernal, assume os atributos da guia interior, ou seja, aquela que possui clarividência, poder psíquico e de cura, visões, sonhos, mediunidade, pureza, além da regência sobre o oculto, a morte e a transformação. E finalmente Afrodite, o eros, que carrega consigo a sexualidade, a sensualidade, o romance, a beleza e a paixão. Para ela o corpo é sagrado, sendo além da hetaira (a concubina), a patrocinadora das artes e a rainha dos salões. Esta relação pode e deve ser aplicada ao Tarot, no qual estão contidos tais arquétipos.


Em se fazendo isto, o entendimento das referidas cartas torna-se muito fácil, proporcionando ao profissional ou estudante uma abertura de horizontes sem precedentes. A Imperatriz, por exemplo, abrange em si as características de três deusas, sendo com isso a que mais se aproxima do arquétipo Grande Mãe. No "Tarô Mitológico", de Liz Greene e Juliet Sharman-Burke, ela é Deméter, a terra cultivada. Sendo assim, aparece grávida e colhendo espigas maduras de trigo. Waite, no seu polêmico porém brilhante baralho, associa o Arcano III à deusa latina Vênus (que possui os mesmos atributos de Afrodite) no qual a mesma se encontra confortavelmente esparramada em grandes almofadas, em meio a uma luxuriante paisagem (o glifo do planeta Vênus está gravado no escudo a seu lado, atestando tal relação).

A Imperatriz, contudo, também traz o arquétipo esposa, ou seja, a deusa Hera, já que é a companheira do Imperador. Sacerdotisa, A Lua e A Estrela estão relacionadas à Perséfone, a senhora das profundezas (no Arcano II do "Tarô Mitológico", a esposa de Plutão desce as escadas do mundo avernal), que além de conhecer o lado sombrio e oculto do ser, permanece pura tal qual o Arcano XVII. A chave da associação entre A Estrela e Perséfone está no fato dessa divindade atuar como ponte entre o Hades e a Terra, pois é a semente que morre e renasce. Com isso, a deusa incute nos homens a esperança e a fé na continuidade, através das sucessivas reencarnações representadas pelos ciclos da vegetação (essa idéia tornou-se o tema central da religião d'Os Mistérios de Elêusis, que por sua vez acabou por originar a teoria reencarnacionista).

A Justiça é sem sombra de dúvidas Palas Atená, a deusa racional, nascida das meninges de Zeus (a espada e a balança, símbolos da mente, confirmam com segurança esta associação), como pode ser visto, mais uma vez, no Tarô Mitológico. A filha do senhor do Olimpo é a divindade das pólis, atuando como mediadora e estrategista. Por fim, A Força evoca Ártemis, a senhora das feras. Crowley, no seu Tarot de Thoth representa este arquétipo através de uma figura feminina (a mulher escarlate do Apocalipse para alguns) cavalgando um leão que possui inúmeras faces e uma serpente como cauda. A referida personagem também segura um cálice (o Graal) do qual saem energias tanto prolíficas quanto aniquiladoras.

Provavelmente o grande mago se inspirou numa miniatura hindu do século XVII ou XVIII, intitulada "Deusa sobre Leão Cósmico", já que os mesmos símbolos estão na referida carta. Em sua grande maioria, os Tarots apresentam no Arcano XI (ou VIII), uma jovem dominando um leão. O controle sobre o animal, o lado instintivo do ser, representa a antiga característica da Grande Mãe que está associado tanto ao ato de criar quanto ao ato de destruir. Esta lâmina, portanto, nos conecta também a outras deusas lunares com os mesmos atributos da irmã de Apolo, tais como Lilith, Káli e Diana, só para citar algumas. Não se pode, no entanto, deixar de mencionar A Temperança. Esse arquétipo, representado por um anjo na maioria dos baralhos, surge nos Tarots de Crowley e da Golden Dawn como uma mulher. Tal fato estaria ligado à letra hebraica associada ao Arcano: Samekh, que significa esteio, ou seja, proteção, útero (que no Tarot de Thoth é o caldeirão no qual a figura lança o fogo e a água, ou ainda, o espermatozoide e o óvulo).

Essa ideia, portanto, nos atira mais uma vez em direção à Grande Mãe. O lado Ártemis também se encontra na lâmina, pois à mesma foi relacionado o signo de Sagitário (Ártemis é a deusa da caça, portanto exímia arqueira). Toda mulher possui esses arquétipos inseridos em sua psique, sendo que um deles (ou mais de um) pode estar evidenciado, ao mesmo tempo em que outro (ou outros) está reprimido. Enfim, as situações são inúmeras, dependendo da pessoa. Cada um desses modelos-padrão pode também se constelar à medida em que a mesma evolui ao longo da vida.

A mulher, portanto, deve procurar se conscientizar do arquétipo ou arquétipos que são vivenciados a nível exterior, e os que possam estar inconscientes ou mal resolvidos, afim de uma maior integração consigo mesma e com a própria vida. O mesmo vale para o homem no que diz respeito à companheira ideal, ou melhor, à anima. Se o ser humano aprender a controlar esse poder de todo simbolismo do tarô, ele será capaz de controlar grandes energias, psíquicas e grandes distúrbios seriam dissipados. Muitos sentem bloqueios, por não ter noção do poder que tem. Além do mais, as pessoas, teimam em aceitar que vários arquétipos não vibram dentro delas. Só que existe sim, e tem arquétipos bons e ruins, falsos e verdadeiros. Assim nossa evolução passa pela busca de seleção desses arquétipos. Quem consegue isso, terá em mãos grande poder. Você que tem a sede de conhecimento, comece investigando seu próprio Eu. Porque dominando o microcosmo, poderemos nos harmonizar melhor com o Macrocosmo, mais facilmente.

Carlinhos Lima - Astrólogo, Tarólogo e Pesquisador.

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