Interpretações divinatórias – Carta de instabilidade, com efeitos decepcionantes. O homem, vergado sob o peso de obrigações e prazeres, cujas possibilidades não passam de ilusões. No plano mental: julgamento egoísta e sem calor. No plano anímico: sentimentos sem duração e risco de graves erros. No plano físico: caos, separação, abandono voluntário. No domínio dos sentimentos, deslealdade e adultério.
Representação abstrata – Representa o microcosmo como resumo de tudo o que existe. A não-identificação com a personalidade terrena.
Passividade, abandono absoluto, renúncia a toda resistência; irresponsabilidade, inocência, repouso, instintividade; capacidade mediúnica; abstenção, o não-fazer. Promessas que não se cumprem; inaptidão para se dirigir, perda do livre-arbítrio, joguete de forças estranhas, instrumento dos outros, incapacidade para resistir às influências sofridas; recebimento de favores com má intenção, perigo de se isolar da sociedade, incapacidade para reconhecer os erros; sentimentos sem duração, abandono voluntário dos bens materiais; extravagâncias, incoerência, desorientação total em muitas coisas; escravidão aos desejos, inconsciência, insegurança; despreocupação em relação à palavra dada; indiscrição que pode levar à ruína.
Descrição da simbologia – Ponto último ou inicial do tarô, O Louco se distingue pela ausência de cifra, para significar que está à margem de qualquer ordem ou sistema. A alegoria mostra um homem de costas, mas com o rosto bem visível, caminhando com um bastão na mão e segurando no ombro um pau em cuja extremidade há uma sacola – símbolo de potencialidades. Seu traje de cores desencontradas indica as influências múltiplas e incoerentes a que se submeteu. Sua perna esquerda (inconsciente) é mordida por um cão, fato que poderia significar um resíduo de lucidez.
A situação a que se expôs não significa ausência de espiritualidade nem impossibilidade de salvação – seu estranho gorro e o cinto são amarelos.
O arcano é irracional, correspondendo ao instinto ativo e capaz de sublimação, mas também à cega impulsividade e à inconsciência. Simboliza a utilização do anormal e do inconsciente para inverter uma ordem maligna reinante. O Louco, segundo Frazer, possui o caráter das “vítimas de substituição” nos rituais de sacrifícios humanos.
A imagem de um homem solitário que atravessa os campos, sendo agredido por um animal, é, segundo Alberto Cousté, uma das contribuições mais originais do tarô. Provavelmente é uma alusão aos Clerici vagante – estudantes medievais inquietos e migratórios, sempre em busca de novos mestres ou novas tabernas. Seu traje lembra o de um bufão, figura que fazia a caricatura da corte, de reis e senhores. Personagem singular, O Louco não se preocupa com os perigos do caminho porque se sabe invulnerável e imortal e, por isso mesmo, está exposto a todo o tipo de faltas.
26/11/11
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