Observações realizadas por uma equipe internacional de astrônomos a partir da detecção em 2019 de um exoplaneta novo a aproximadamente 300 anos-luz da Terra permitiram registrar uma alta proporção de carbono-13 em sua atmosfera.
Trata-se de um objeto celestial da constelação da Mosca, registrado como TYC 8998-760-1 b, segundo a Sociedade Max Planck, com sede na Alemanha.
Grande parte do trabalho decorreu no território chileno, com o telescópio VLT do Observatório Paranal e um moderno espectrógrafo.
Este é um grande passo para a identificação da composição química da superfície ou na área próxima dos corpos celestes.
Para um objeto tão distante, é a primeira vez que o espectro de luz que reflete forneceu informação tanto sobre o elemento químico predominante como de seu isótopo concreto, ou seja, do equilíbrio de prótons e nêutrons que fazem parte de seus átomos, segundo o estudo publicado pela revista Nature.
O carbono-13 possui seis prótons e sete nêutrons, enquanto que o carbono terrestre (carbono-12) majoritariamente possui seis, recordam os pesquisadores.
Embora a pequena presença dos isótopos pesados, carbono-13 e carbono-14 (com oito nêutrons), tenha aqui muita importância para a datação de diferentes descobertas arqueológicas, fósseis e rochas.
De acordo com os cientistas, a variação no número de nêutrons não causa grandes mudanças nas propriedades químicas do elemento, que existe no exoplaneta principalmente na forma de gás e pode fazer parte das moléculas de monóxido de carbono, conhecido por suas propriedades venenosas nas condições terrestres.
Além disso, pode se precipitar em forma congelada, a julgar pela enorme distância que separa a órbita deste corpo celeste de seu astro e o situa em uma região muito fria de seu sistema.
"O planeta está mais de 150 vezes mais distante de sua estrela-mãe que nossa Terra do Sol [...] A uma distância tão grande é possível que se tenham formado gelos com muito carbono-13, algo que proveu maior fração deste isótopo na atmosfera atual do planeta", detalha o astrônomo Paul Mollière, do Instituto de Astronomia Max Planck.
O tamanho do exoplaneta também apresenta um interesse particular para os pesquisadores, visto que mede quase o dobro do diâmetro de Júpiter e tem uma massa aproximadamente 14 vezes maior que a do maior planeta do Sistema Solar.
O exoplaneta em questão foi formado muito distante do astro, semelhante a nosso Sol em dimensões e luminosidade, e esta situação o distingue entre os múltiplos sistemas estelares detectados tanto por seu tamanho excepcional em proporção com a estrela como por esta primeira informação de sua composição isotópica.
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