Quando os titãs do espaço - aglomerados de galáxias - colidem, coisas extraordinárias podem acontecer. Um novo estudo pelo Observatório de raios-X Chandra da NASA examina as repercussões após o evento.
Em um novo estudo do aglomerado de galáxias Abell 1775, localizado a cerca de 960 milhões de anos-luz da Terra, uma equipe de astrônomos liderados por Andrea Botteon da Universidade de Leiden, na Holanda, anunciou que encontrou um padrão em forma de espiral nos dados de raios-X do Chandra. Os resultados da equipe de Botteon foram publicados na revista Astronomy and Astrophysics.
A colisão de galáxias
Os aglomerados de galáxias são as maiores estruturas do Universo mantidas juntas pela gravidade. Tais aglomerados estão principalmente na forma de gás quente e estrelas. Por causa das enormes massas e velocidades envolvidas, as colisões e fusões entre aglomerados de galáxias estão entre os eventos mais energéticos do Universo.
Quando dois aglomerados de galáxias de tamanhos diferentes colidem, o aglomerado menor começa a passar pelo maior. Conforme o aglomerado menor se move, seu gás quente é removido devido ao atrito.
Este evento deixa para trás uma esteira, ou cauda, que fica atrás do aglomerado. Depois que o centro do aglomerado menor passa pelo centro do maior, o gás na cauda começa a encontrar menos resistência e ultrapassa o centro do aglomerado. Isso pode fazer com que a cauda seja "atirada" ao voar para o lado, curvando-se ao se estender para longe do centro do aglomerado.
Os dados mais recentes do Chandra contêm evidências - incluindo o brilho dos raios-X e as temperaturas que eles representam - para uma dessas caudas curvas de "estilingue".
Novos dados revelam que o rádio-jato tem, na verdade, 2,6 milhões de anos-luz de comprimento. Isso é quase o dobro do que os astrônomos pensavam que era antes e o torna um dos mais longos já observados em um aglomerado de galáxias. Os dados também permitiram aos pesquisadores o estudo detalhado dos fenômenos que contribuem para a aceleração dos elétrons tanto no jato desta galáxia quanto na emissão de rádio perto do centro do aglomerado maior.
Dois estudos, dois possíveis cenários
A equipe de Botteon favorece o cenário de "cauda de estilingue", mas um grupo separado de astrônomos liderados por Dan Hu, da Universidade Jiao Tong de Xangai, na China, favorece a explicação de "sloshing" (movimento de líquido dentro de outro objeto), a pesquisa chinesa foi publicada no The Astrophysical Journal.
Ambos os cenários envolvem uma colisão entre dois aglomerados de galáxias. Eventualmente, os dois aglomerados se fundirão totalmente para formar um único ainda maior. Os cientistas apontam que outras observações e modelagem de Abell 1775 são necessárias para ajudar a decidir entre os dois cenários.
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