Um estudo estima que o asteroide que provocou a cratera teria caído há 11.700 anos, causando ventos de 400 km/h e outros efeitos desastrosos.
A cratera de impacto de 31 quilômetros de diâmetro encontrada debaixo das geleiras da Groenlândia há alguns anos poderia ser suficientemente jovem para ter sido formada quando a ilha já estava coberta por uma camada de gelo semelhante à atual, ou inclusive mais grossa.
Simulações computadorizadas da queda de um asteroide no extremo noroeste da ilha demonstraram que a camada de gelo deveria ter entre 1,5 e 2 quilômetros de espessura para que a cratera deixada pelo "invasor cósmico" nas rochas firmes tivesse o perfil que realmente tem e pudesse ser vista debaixo das geleiras de hoje por meio de um radar.
A geologia associa este nível de glaciação à época do Taratiano. Sem levar em consideração outros métodos de datação, o estudo que resume esta modelagem estabelece que o evento pode ter ocorrido entre 2,6 milhões de anos e 11.700 anos atrás.
Foi uma época de repetidas glaciações, durante grande parte da qual a Groenlândia esteve quase totalmente coberta de gelo, embora de espessura variável.
A razão principal para pensar que o meteorito caiu no gelo é que os cientistas não detectaram nenhuma ejeção rochosa ao longo do perímetro da cratera, como explica o artigo publicado na revista Earth and Planetary Science Letters.
Por sua vez, o asteroide que os pesquisadores associam com esta colisão é bem conhecido da comunidade científica por seus fragmentos metálicos encontrados nos séculos XIX e XX no noroeste da Groenlândia, alguns dos quais estão expostos em museus da Dinamarca e dos Estados Unidos.
"Apesar de terem sido catalogadas até agora aproximadamente 190 estruturas de impacto, esta aparente cratera é interessante porque parece geologicamente jovem e bem conservada e, caso seja confirmado, estará entre as maiores já encontradas na Terra", comentou a primeira autora do estudo, Elizabeth Silber, da Universidade de Ontário Ocidental, Canadá.
Atualmente, a Hiawatha é considerada a 22ª maior cratera de impacto do planeta, porém o ranking não leva em conta que o asteroide poderia ter perfurado até dois quilômetros de gelo antes de atingir a rocha firme.
Os novos dados desafiam as estimativas anteriores do tamanho do objeto espacial que o teria gerado, mas o leito preservado levou a acreditar que o asteroide tinha dois quilômetros de largura.
Não obstante o período bastante extenso apontado pelo estudo como a época possível da queda, a colisão poderia ter ocorrido nos anos mais recentes (11.700 anos atrás).
"Devido ao fato de a cratera estar muito bem conservada, isso aponta para uma idade bastante jovem, tão jovem quando o início do período Dryas", afirmou Silber em referência ao período de resfriamento global ocorrido entre 11.500 e 11.400 anos atrás.
A colisão gerou ventos supersônicos de 400 quilômetros por hora, que pode ter derrubado árvores (se as houvesse) em um raio de 200 quilômetros.
Uma bola de fogo escaldante, quatro vezes maior que o Sol visto da Terra, deve ter sido avistada em um raio de 500 quilômetros, explicou Silber.
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