Astrônomos descobriram uma estrela idosa na constelação da Ursa Menor que começou a "tossir", se livrando das suas camadas exteriores nos últimos instantes da sua vida.
As investigações deste fenômeno irão ajudar os cientistas a entender melhor o processo de óbito da nossa estrela em um futuro distante, escrevem os pesquisadores na Astrophysical Journal.
"Nós acreditamos que esta estrela está vivendo seu último pico de atividade, e supomos que ela começará a se expandir novamente no futuro próximo. Ela irá se transformar em uma anã branca daqui a apenas umas centenas de milhares de anos. As observações da sua evolução irão nos ajudar nos próximos 50 anos a verificar muitas teorias relacionadas com a morte das estrelas", disse Meridith Joyce da Universidade Nacional Australiana.
Aproximadamente daqui a 4,5-5 bilhões de anos, o nosso Sol irá gastar as suas reservas de hidrogênio, começando a queimar hélio. Em consequência disso, as profundezas do Sol irão alcançar temperaturas extremas e as camadas externas da estrela vão se expandir, "engolindo" Mercúrio e Vênus e transformando a Terra em uma esfera incandescente sem vida.
No fim das contas, o Sol irá se desembaraçar das suas camadas exteriores de gás e se transformar em uma anã branca – um remanescente estelar composto por matéria eletronicamente degenerada. As anãs brancas são altamente densas.
Os cientistas começaram a se interessar particularmente pelas situações hipotéticas da morte do nosso Sol, isso porque as observações dos outros astros em outras partes da galáxia revelaram inesperadamente que a existência do Sol pode acabar de uma maneira totalmente inesperada.
© NASA .
Anã branca
Por exemplo, em vez de se transformar em uma anã branca, o Sol pode virar um análogo em miniatura de estrelas do tipo Wolf-Rayet, que são astros massivos (com mais de 20-30 massas solares), sendo os objetos mais quentes e turbulentos da Via Láctea devido a intensos ventos estelares.
Meridith Joyce e os outros cientistas descobriram uma das estrelas mais idosas parecidas com o Sol analisando os registros de observações de estrelas variáveis coletadas no âmbito do projeto AAVSO.
Realizando análises de imagens da constelação Ursa Maior, coletadas por telescópios astronômicos localizados na Terra e no espaço, os astrônomos repararam que a forma e comportamento de uma das estrelas variáveis, a gigante vermelha T UMi, se alteraram drasticamente nos últimos trinta anos.
"As profundezas desta estrela começaram a produzir energia de forma irregular. Durante esta última fase da sua vida, dentro do astro ocorrem periodicamente erupções nucleares muito potentes, que são parecidas com uma espécie de soluços ou tosse. Estes impulsos de calor alteram drasticamente a luminosidade e o tamanho do astro e disseminam pelo Universo elementos pesados", explica Joyce.
© FOTO : NASA/ESA
Imagem da maior estrela da Via Láctea, capturada pelo telescópio espacial Hubble da NASA
No passado, cerca de 1,2 bilhões de anos atrás, esta estrela era parecida com uma cópia ampliada do Sol – sua massa era duas vezes maior que a do nosso Sol. Há relativamente pouco tempo, umas dezenas de milhões de anos atrás, a estrela T UMi esgotou suas reservas de hidrogênio e se transformou em uma gigante vermelha. Sua luminosidade aumentava e diminuía a cada 300 dias como consequência dos processos que ocorriam dentro deste astro.
Com o tempo, as erupções passaram a ocorrer com mais frequência e sua luminosidade média e tamanho começaram a diminuir rapidamente.
Os astrônomos supõem que este comportamento pode significar que no interior desta estrela começaram a produzir-se erupções termonucleares esporádicas, que conduziram à libertação das camadas exteriores da estrela T UMi para o espaço circundante.
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