Novas observações das misteriosas explosões rápidas de rádio (FRB) indicam que todos esses eventos devem ser gerados por suas fontes várias vezes ao longo de sua existência.
Isso elimina a possibilidade de elas serem produzidas por explosões de estrelas e pela fusão de buracos negros, escreve um astrônomo na revista Nature.
"Até à data, são conhecidas apenas duas fontes com repetição de explosões rápidas de rádio, e a natureza dos restantes 70 rajadas permanece desconhecida para nós. Eu consegui mostrar que a maioria delas devem ser produzidas por fontes que emitem pelo menos vários desses sinais durante sua vida", disse Vikram Ravi, um astrônomo da Universidade de Harvard.
Rajadas misteriosas
Os astrônomos falaram pela primeira vez da existência de misteriosos explosões rápidas de rádio (FRB) em 2007, quando elas foram descobertas acidentalmente enquanto se observavam os pulsares de rádio com o Telescópio Parks na Austrália.
Nos anos subsequentes, os cientistas encontraram vestígios de mais três dezenas de tais explosões, cuja comparação mostrou que poderiam ser de origem artificial, e até mesmo ser potenciais sinais de civilizações extraterrestres, por causa da periodicidade inexplicável de sua estrutura.
Todas elas tinham uma coisa em comum – a potência extremamente elevada e a distância invulgarmente longa até suas fontes. Assim, os astrônomos assumiram inicialmente que tais rajadas surgem durante a fusão de estrelas de nêutrons ou de outros objetos compactos que se transformam em um buraco negro.
'Sinais alienígenas'
Há dois anos, os cientistas encontraram indícios de que este não é o caso. O telescópio Parks detectou flashes repetidos no mesmo ponto em que há seis anos foi detectada uma das primeiras explosões de FRB, o evento FRB 121102. Isso tornou os "sinais alienígenas" em fenômenos espaciais ainda mais misteriosos e interessantes.
Ravi sugere que as fontes de "sinais de rádio alienígenas" singulares não diferem em sua natureza do FRB 121102 e de outra rajada repetida, FRB 180814, depois de analisar os últimos dados coletados por dois radiotelescópios relativamente novos, o observatório canadense CHIME e seu "primo" australiano ASKAP.
Ambas as instalações podem monitorar setores bastante amplos do céu noturno, permitindo-lhes gravar dezenas de explosões FRB nos primeiros meses de sua operação. Isso mais do que dobrou seu número total e fez com que os cientistas pensassem sobre a frequência com que deveríamos ouvir o "chamamento" dos alienígenas.
Resultados da observação
O fato é que a frequência desses eventos diferia dramaticamente, de acordo com os dados do CHIME e ASKAP. O observatório canadense detectou cerca de dez vezes mais rajadas que o seu "concorrente" australiano, o que levou os cientistas a duvidar da veracidade de todas as observações de explosões FRB.
Estas discrepâncias, como mostraram os cálculos de Ravi, não se deviam a erros dos astrônomos ou a problemas na operação dos dispositivos, mas sim porque o ASKAP simplesmente captura mal os "sinais alienígenas" que ocorrem a uma distância bastante grande da Via Láctea.
Esta descoberta ajudou-o a combinar os resultados de suas observações e a calcular com precisão suficiente a frequência das rajadas FRB no céu noturno.
Como se verificou, estas explosões ocorrem com uma frequência inesperada, e mesmo nos casos mais extremos sua frequência excede a frequência de fusão de estrelas de nêutrons, de pares de anãs brancas, explosões de supernovas raras e "normais" e todos os outros eventos cataclísmicos.
O que emite tais rajadas?
Tudo isto, de acordo com Ravi, sugere que quase todas ou a maioria das explosões FRB são causadas por fontes que podem emitir um grande número de tais rajadas, em vez de apenas uma. O seu número total pode ser bastante pequeno, cerca de 100 eventos ao longo de toda a vida do Universo, para explicar a frequência dos flashes que foram detectados pelo telescópio CHIME.
Isso, no entanto, levanta uma nova questão para os cientistas: por que tais propriedades foram descobertas em apenas dois das sete dezenas de "sinais alienígenas" conhecidos?
A resposta a esta pergunta, como sugere o astrofísico de Harvard, pode ser obtida se entendermos em que partes das galáxias nascem as explosões FRB.
Até agora, essa informação é conhecida apenas para o FRB 121102 e para uma explosão "singular" descoberta em setembro do ano passado, o que não permite tirar quaisquer conclusões sobre sua natureza.
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