(M. Weiss/Divulgação) |
A explosão está acontecendo há anos. Agora, os cientistas conseguiram calcular a massa da estrela que o originou: 50 vezes maior que a do Sol.
Imagine uma explosão tão grande que é capaz de encobrir uma galáxia inteira. Foi o que aconteceu com a supernova SN206aps, avistada por astrônomos de Harvard.
Primeiro, vale lembrar que uma supernova nada mais é do que uma estrela explodindo em seus estágios finais de vida. Os pesquisadores se depararam com a SN206aps ainda em 2016, quando observavam o céu pelo Panoramic Survey Telescope and Rapid Response System (Pan-STARRS), telescópio localizado no Havaí. Ele continuaram monitorando e, agora, com apenas 1% do seu pico de brilho, conseguiram calcular sua massa: algo entre 50 e 100 vezes maior do que o Sol. Para se ter uma ideia, uma supernova comum é seis vezes menor que isso.
De início, os cientistas pensaram que a supernova estava no meio do nada, pois não avistaram sua galáxia de origem. Mas, na verdade, seu brilho era tão intenso que encobriu toda a região que habitava. Ela está a 4,5 milhões de anos-luz da Terra e, além de ser a mais poderosa já vista, é também a mais duradoura. Supernovas menos robustas permanecem apenas alguns meses explodindo, diferente desse fenômeno que está impressionando pesquisadores há quatro anos.
Por que essa supernova é tão expansiva?
Os pesquisadores acham que o que pode ter acontecido é a fusão de duas estrelas menores antes do fenômeno. Isso porque foi observada uma alta concentração de hidrogênio durante a explosão, algo incomum para estrelas massivas, que ejetam a maior parte do elemento antes de se tornarem supernovas.
Depois, pode ter acontecido o que os cientistas chamam de explosão de instabilidade de pares pulsantes: a grande estrela foi se dissipando com o decorrer dos anos, expelindo matéria, ou seja, deixando para trás mais ou menos metade da sua massa em gás. Uma hora, ela foi de encontro a essa bomba de gás e colidiu, causando a mega explosão.
Mas a quantidade de gás expelida no passado é o que mais surpreende os cientistas. O comum é que a estrela libere essa “bomba” milhões de anos antes de explodir. Mas, nesse caso, as observações indicam que foi liberada apenas com algumas décadas de antecedência.
Além disso, após a explosão de uma supernova, costuma ficar para trás uma nebulosa (nuvem de gases e poeira) ou até mesmo um buraco negro. Mas, o SN2016aps ainda não nos deu dicas do legado que deixará. Isso porque seu brilho, mesmo após anos, segue tão intenso que fica impossível de enxergar qualquer coisa extra. É preciso esperar até que essa luz se apague sozinha.
Avistar mais fenômenos como esse pode auxiliar no entendimento de estrelas supermassivas. Na Via Láctea, onde estamos agora, não existem astros dessa intensidade, então é preciso olhar sempre além daqui. Os cientistas esperam que, com as próximas gerações de telescópio que estão por vir, seja possível observar explosões como essa que ocorreram ainda nos primeiros cem milhões de anos que sucederam o Big Bang.
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