Pais velhos |
Pai Velho na Umbanda Astrológica
Mais ou menos no final do séc. XIX temos os primeiros registros de manifestações mediúnicas envolvendo a figura do Preto velho, tanto em mesas espíritas, quanto nos candomblés.
Na Umbanda e Candomblé, criou-se a figura única do Preto como se todos os pais velhos fossem de pele escura. Claro que a ancestralidade africana, que é a predominante nos cultos afrobrasileiros, tem destaque elevado nas falanges de Pais Velhos. Mas, lembremos que são milhares circulando nas falanges e todas as raças se misturam. Então hoje e especialmente na Umbanda Astrológica, assim como na Umbanda Esotérica, não tenho dúvida que há Pais Velhos tanto preto, como branco, pele vermelha, oriental, cigano e de todo tipo que existir em nosso planeta. Ou seja, todas as raças se misturam na ancestralidade. Ninguém pode ser excluído da Corrente Ancestral e Astral dos filhos de Umbanda.
A representação, todo médium de Umbanda, mago, iniciado e sacerdote, sabe que se identifica na forma de criança, caboclo ou encantado e velho. E em todas as 3 categórias e manifestações, tem representação nas raças existentes no planeta. A Umbanda e Candomblé, tem o papel agregador, a força da convergência, da congregação e da união entre os povos, jamais da exclusão ou intolerância. A Corrente Ancestral, tem o poder da Proto-síntese cósmica e sagrada sob a regência das falanges divinas e dos Senhores do Destino.
E naquela época quando surgiram as primeiras manifestações que começaram a ser observadas pelos enviados do Astral Superior, as mesas espíritas, muito burguesa na época, os médiuns negros eram expulsos ou tratados como figuras a serem doutrinadas, aliás, esse sentimento ainda persiste até hoje no coração de muitos líderes kardecistas, o que é um erro tremendo, uma miopia espiritual total e uma ignorância causada pela vaidade da leitura.
Nos candomblés também daquela época, não eram tão aceitos, pois no candomblé tradicional apenas Orixá "baixa" e não havia muito espaço para os encantados, também um erro grave, que felizmente hoje em dia muitos mestres, pais de santo e médiuns do Candomblé, já estão buscando corrigir.
Para simplificar, em 15 de novembro de 1908, o Caboclo das Sete Encruzilhadas, incorporado em seu médium Zélio Fernandino de Moraes, funda ou resgata (pra mim essa segunda opção é a correta, pois creio que a Umbanda não foi fundada e sim resgatada do inconsciente coletivo e do espiritual onde ela descansava pra ressurgir no momento adequado) a Umbanda, definindo-a como um "culto onde os espíritos que se manifestavam como negros e escravos, índios e qualquer outro tipo de forma não seriam expulsos ou rechaçados".
No outro dia, em sua casa, Zélio começa a sessão mediúnica de Umbanda e, após o caboclo das Sete Encruzilhadas, manifesta-se Pai Antônio, o primeiro Preto Velho a baixar na Umbanda.
Do ponto de vista mediúnico, sabe-se que os pretos velhos nem todos foram necessariamente negros e muito menos morreram velhos. Por isso falava-se antigamente em "roupagem fluídica" e hoje em "forma plasmada".
Preto-velho, caboclo, exu, etc, são roupagens utilizadas por espíritos diversos, para se apresentarem de forma mais acessível a população.
Trazendo assim mensagem do plano superior espiritual de forma simples , numa linguagem que todos entendam e incentivando a cada filho de umbanda que faça uma reforma interior e que passe a ver a vida de outra forma, tendo a certeza que somos hoje fruto de nossas escolhas e que estamos nessa vida para evoluir espiritualmente. E lembrando que sempre acostumamos a ver uma Umbanda muito paternalista, patriarcal e excluindo a mulher das funções sacerdotais, mas, é um erro. A mulher tem o mesmo potencial ou até mais que o homem.
Mesmo no Candomblé, onde temos mães de santo famosas e comandando terreiros, no fundo sabemos que há até entre os orixás, uma predominância masculina. Mas, temos que absorver sempre a dualidade. Feminino e masculino é muito importante. Sabemos que mães e vovós baixam na Umbanda, mas, sempre com um caráter secundário e é um erro. A verdade é que tem em Caboclos e Caboclas, Pais Velhos e Mães Velhas, assim como Crianças, a mesma importância no Feminino e no Masculino - ambos são eternos e sagrados, com o mesmo potencial, ancestral e magístico.
Carlinhos Lima
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