No início da nossa peregrinação pelos 4 estágios
As 4 figuras dos 4 naipes (Rei, Dama, Cavaleiro e Valete) se referem as 4 letras do nome sagrado Jod-He-Vau-2º He. O Rei (Jod/Paus) pertence ao mundo da imanação e corresponde a 3ª e 4ª iniciação. A Dama (He/Copas) também pertence a 3ª e 4ª iniciação e designa o mundo da criação. O Cavaleiro (Vau/Espadas) é do mundo da formação e está ligado a 2ª iniciação. Por último o Valete (2º He/Ouros) é da primeira iniciação e pertence ao mundo da manifestação.
A iniciação de Ouros também é chamada de Iniciação nos Círculos, representativa pelo reino criado onde tudo é organizado segundo a hierarquia espiritual a qual o peregrino se submete inteiramente.
O seu mundo interno está em conformidade com o seu trabalho externo. O objetivo do estágio é de estabelecer uma relação harmônica entre aspiração espiritual e vida terrestre para criar o Ouro hermético.
A experiencia de Ouros é indispensável no caminho para a luz e a passagem só está garantida quando os desejos pessoais já não satisfazem. Estamos em vias de passar por uma crise pessoal interna, início da derrota do elemento pessoal.
A satisfação interna e externa adquirida pela realização dos objetivos de Ouros engloba um perigo oculto em si.
Falamos do velho problema filosófico de Platão em que ele afirma que os Deuses não têm experiência estética. No caso de um artista a experiência estética começa a falhar quando não mais procuramos a perfeição.
A realização plena provoca estagnação e o peregrino demasiadamente satisfeito consigo próprio acaba por interromper o processo da iniciação.
O princípio espiritual é dinâmico como tudo pois a vida tem 4 dimensões (por além do elemento espiritual ou 5ª essência) muitas vezes esquecidas pelas análises e estatísticas do nosso tempo.
A saída do estágio de Ouros pode ser causada pela tomada de consciência do mundo ilusório em que vivemos e da relatividade de todas as manifestações. Com essa conscientização entramos no estágio de Espadas o naipe da psique pela via filosófica_negativa ou pela via mística_positiva.
O estágio de espadas é o da psique ou do Mental e Astral vivido quando o desenvolvimento pleno de ambos for alcançado. O aspecto filosófico e negativo de espadas em que a razão domina os sentimentos corresponde ao plano Nasham ou Manas.
Nesse plano o Mental ainda não alcançou o plano superior Haia ou Budi e o peregrino apenas está capacitado para uma análise inexorável da profundidade da existência mas ainda não consegue desenvolver uma síntese criadora.
Apesar disso o peregrino de ouros já é um bom conhecedor da sua personalidade e com os seus centros psíquicos desenvolvidos é detentor de algum poder mágico sobre o mundo astral e o meio ambiente.
O peregrino finalista de ouros animado pela sua vontade e dominador dos seus desejos e das suas emoções é capaz de criar novas formas e de transformar outras já existentes. Apesar dessa vitória ele sente no seu íntimo uma crescente insatisfação com aquilo que alcançou no estágio de ouros.
Ele interroga-se sobre a utilidade do seu conhecimento e daquilo que realizou e começa a sentir a necessidade de algo diferente e superior.
O peregrino apercebe-se da luz que permeia o mundo e deseja descobrir a sua natureza e origem ele quer encontrar Deus face a face para compreender através do reflexo divino o seu Eu interno.
O Iniciado de Ouros com poder criador e capacidade de dar algo ao mundo entra numa fase de negação. Ele nada mais espera deste mundo pois acha que tudo que o mundo lhe poderia dar ele já possui e aínda não percebeu que dar é receber e que o segredo reside na continuidade.
O mundo nos dá sempre algo em troca mais tarde ou mais cedo, pode ser algo diferente ou imprevisto mas o eterno retorno confirma-se sempre pela lei da causa e do efeito.
O peregrino no auge do desenvolvimento da sua personalidade toma conhecimento do caráter ilusório do mundo e embora que ele se tenha familiarizado com a Forma, desconhece na totalidade a sua essência e origem (problema também na filosofia existencialista de M. Heidegger).
Ele classifica as formas como ilusórias e enganadoras e acaba por rejeita-las o que leva a perca da fé e da esperança. O mundo do peregrino começa a desmoronar a sua volta, ele não compreende o sofrimento neste mundo injusto em que a pessoa honesta paga pelo pecador e em que ele próprio apesar do seu poder pessoal e conhecimento nada pode fazer para alterar o rumo. Nasce nele um sentimento de revolta contra o Criador que se manifeste por uma profunda crise espiritual que deve ser ultrapassada no estágio de espadas.
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