Entenda como o vírus pode ser transmitido e os cuidados ao serem tomados se entrar em contato com um paciente.
Apesar do medo de contágio em aviões, o risco é muito baixo, dizem especialistas (Foto: BBC)
Pessoas que viajaram em um avião junto com uma enfermeira americana
antes dela apresentar sintomas de ebola estão sendo buscados por
autoridades de saúde para verificar a possibilidade de um novo contágio.
Mas quais são as chances de se pegar o vírus de outro passageiro?
A epidemia de ebola vem deixando quem viaja de avião apreensivo. Uma
mulher foi fotografada em um aeroporto em Washington usando uma roupa de
proteção.
Passageiros com lenços umidecidos e máscaras no rosto também são vistas com frequência.
De certa forma, é fácil compreender por que o medo se alastra. Aviões
são espaços fechados. Um passageiro toca em bandejas, braços de
poltronas, travesseiros e telas de TV que foram manuseadas por centenas
de outras pessoas.
Amber Vinson, a segunda pessoa a ser infectada nos Estados Unidos,
viajava de Cleveland, em Ohio, para Dallas, no Texas em um voo da
Frontier Airlines.
O Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC, na
sigla em inglês) disse querer entrevistar os outros 132 passageiros.
Mas, segundo William Schaffner, um especialista em doenças infecciosas
da escola de Medicina da Universidade Vanderbilt University, diz que há
pouquíssimo risco de contágio.
"Sei que eles estão preocupados, mas o risco é praticamente zero", ele afirma.
O CDC também esclarece que o risco para qualquer pessoa que esteve
próxima da enfermeira americana naquele voo era "extremamente baixo".
Tramissão
Isso porque o vírus não é transmitido pelo ar, como uma gripe. Por isso não haveria problema em respirar o mesmo ar que um paciente com ebola.
Isso porque o vírus não é transmitido pelo ar, como uma gripe. Por isso não haveria problema em respirar o mesmo ar que um paciente com ebola.
E é extremanmente improvável que alguém pegaria ebola de um braço de poltrona, tela de TV ou bandeja, diz Schaffner.
Na verdade, o ebola se espalha com o contato direto com fluidos corporais de um paciente, como sangue, vômito, saliva ou fezes.
O vírus pode entrar no organismo por meio de feridas na pele ou mucosas dos olhos, nariz ou boca.
O vírus "age agressivamente no corpo, mas começa a morrer assim que chega a superfícies inanimadas", diz Schaffner.
Segundo Peter Hotez, reitor da Escola Nacional de Medicina Tropical da
Universidade Baylor, nestas superfícies, o vírus não resiste "por mais
do que alguns minutos, a não ser que haja algum sangue ou secreção
visível".
As regras do CDC para lidar com o ebola dizem que um carpete ou a
proteção de um assento que fique sujo de sangue ou fluidos corporais
devem ser descartados da mesma forma como ocorre com materiais usados em
hospitais.
O vírus tem mais chances de resistir em uma superfície molhada do que
em uma seca, explica Arnold Monto, professor de epidemiologia da
Universidade de Michigan.
Mas alguém que sente, por exemplo, em um assento de avião anteriormente
ocupado por um paciente com ebola não teria motivo para preocupar-se.
Até mesmo compartilhar um braço de uma poltrona com um paciente infectado também não é uma razão de preocupação.
"O suor é uma forma bem ineficiente de transmitir ebola", afirma Monto.
Além disso, o vírus não é muito transmissível até que seus sintomas estejam aparentes e o paciente esteja de fato doente.
Apesar da enfermeira americana estar com uma febre de 37,5ºC antes de
voar, aparentemente a doença ainda estava em seu estágio inicial.
Quando há um maior de transmissão, a pessoa sente-se bastante mal e tem muita febre, o que a impediria de embarcar em um voo.
Ainda assim, alguém que estivesse no mesmo voo que um paciente com
ebola só deveria temer por sua saúde se entrasse em contato com o vômito
ou sangue desta pessoa.
"Se isso ocorresse, seria hora de parar o avião ou pousá-lo", afirma Schaffner.
Motivo de preocupação
Seria motivo de preocupação, explica Monto, se alguém tivesse que cuidar ou limpar os fluídos do paciente sentado próximo.
Seria motivo de preocupação, explica Monto, se alguém tivesse que cuidar ou limpar os fluídos do paciente sentado próximo.
Normalmente, aqueles que contraem ebola tendem a ser quem cuida de um doente.
Mas Schaffner destaca que esta possibilidade é rara: "Para ser
infectado, a pessoa precisa ter um contato próximo com o paciente".
A tripulação segue regras do CDC que recomendam que certas precauções quando um passageiro fica doente durante um voo.
Isso inclui manter a pessoa isolada de outros passageiros o quanto for
possível e usar luvas e máscaras à prova d'água antes de entrar em
contato com quaisquer fluidos corporais.
Desinfetantes devem ser usados para limpar superfícies contaminadas.
Segundo Monto, aeronaves têm um bom histórico no controle de contágios.
No mais recente surto de gripe aviária, houve poucas infecções relacionadas a voos, apesar deste vírus se espalhar pelo ar.
"Dado o grande número de casos na Ásia, isto ocorreu com pouca frequência", ele afirma.
O CDC recomenda que qualquer pessoa que tenha sido exposta ao ebola
notifique seu empregador imediatamente, monitore sua saúde por 21 dias e
fique atenta ao surgimento de sintomas.
Estes sintomas incluem febre de 38,6°C ou mais, fortes dores de cabeça,
dor de estômago, vômito, dor muscular, diarréia e sangramentos.
No entanto, Schaffner diz que a maior ameaça não está no contágio em
aviões, mas que o medo se espalhe descontroladamente entre viajantes
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