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domingo, 20 de setembro de 2015

Falhas na Psicologia: Estudo aponta resultados inflados em artigos de psicologia




Falhas na Psicologia: Estudo aponta resultados inflados em artigos de psicologia
Falhas na Psicologia: Estudo aponta resultados inflados em artigos de psicologia

 Brian Nosek (à dir.) e sua equipe tentaram reproduzir os resultados de cem estudos pesquisa - Mais de metade dos textos publicados apresentava falhas
 

  • The New York Times/via:http://www.gazetadopovo.com.br/mundo/



  • Um minucioso esforço para tentar reproduzir cem estudos de psicologia ao longo de um ano concluiu que mais de metade dos resultados publicados não resistia a um novo teste.
    A análise foi feita por pesquisadores de psicologia, muitos dos quais cederam voluntariamente seu tempo para checar trabalhos que consideravam importantes.







    sexta-feira, 18 de setembro de 2015

    Apocalipse: Mórmons preveem ‘fim do mundo’ em setembro e começam a estocar alimentos


    Mórmons preveem ‘fim do mundo’ em setembro e começam a estocar alimentos

    Mórmons preveem ‘fim do mundo’ em setembro e começam a estocar alimentos

    Foto: Divulgação

    Apocalispse

    A nova data para o suposto fim do mundo já foi marcada: 28 de setembro. Ao menos é o que acreditam alguns seguimentos dos mórmons em Utah, nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, o grupo religioso começou a estocar alimentos e produtos essenciais para se prepararem para o final dos tempos. "Há em sentimento de urgência, como se algo estivesse para acontecer. Muitas pessoas estão falando de setembro, como um colapso financeiro global", disse o representante comercial Ricardo Aranda, de acordo com o jornal americano "Metro". Mesmo que a data esteja definida, o motivo para o fim do mundo não está. Entre as possíveis causas estariam um asteroide caindo na Terra, uma explosão do acelerador de partículas ou a fúria de Deus. A agência espacial americana, Nasa, informou que não há nenhuma previsão sobre qualquer corpo celeste em rota de colisão com o planeta no dia 28 de setembro. 
     
     

    quinta-feira, 17 de setembro de 2015

    Astrofísica: Geleiras em Plutão se assemelham a fluxos na Groenlândia e Antártica.

    Novas fotos de Plutão impressionam por geleiras similares com as da Terra

    Fotos também mostram camadas finas de névoa na atmosfera de nitrogênio.

    Geleiras em Plutão se assemelham a fluxos na Groenlândia e Antártica.

    Geleiras em Plutão se assemelham a fluxos na Groenlândia e Antártica.

     

    Imagem de Plutão mostra região Sputnik (à direita) rodeada à leste (esquerda) por montanhas de gelo (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)
    Uma nova leva de imagens feita pela sonda New Horizons em sua passagem por Plutão chegou à agência espacial americana (Nasa) e impressionou os cientistas. Segundo a Nasa, o que chamou a atenção não foram apenas as paisagens, montanhas geladas e fluxos de nitrogênio congelado do planeta-anão, mas também uma aparência estranhamente familiar com a Antártica.
    Setas mostram fluxo de gelos, provavelmente de nitrogênio, em Plutão (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)Setas mostram fluxo de gelos, provavelmente de
    nitrogênio, em Plutão (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)
    Combinadas com outras fotos recentes de Plutão, as novas imagens ajudam a evidenciar, segundo a Nasa, um ciclo “hidrológico” notavelmente parecido com o da Terra, mas com gelos exóticos, incluindo de nitrogênio, em vez de gelos de água.
    Áreas brilhantes a lesta da vasta planície gelada - que lembra o formato de um coração e que foi informalmente chamada de Sputnik - parecem terem sido cobertas por esses gelos, que podem ter evaporado da superfície da Sputnik e, em seguida, terem sido redepositados ao leste.
    Também é possível ver geleiras que fluem desta região coberta brilhante de volta para a Sputnik. Estas características, segundo os cientistas, são semelhantes a fluxos congelados nas margens de calotas de gelo da Groenlândia e da Antártica, na Terra.
    Neblinas
    As fotos também mostram novos detalhes de neblinas na tênue atmosfera de nitrogênio de Plutão. Nelas aparecem mais de uma dúzia de camadas finas de névoa que se estendem desde a superfície do planeta até pelo menos 100 km acima.
    Quinze minutos depois de atingir o ponto mais próximo com Plutão, a sonda New Horizons fez essa imagem do planeta-anão em que aparecem as montanhas e planícies de gelo (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)Quinze minutos depois de atingir o ponto mais próximo com Plutão, a sonda New Horizons fez essa imagem do planeta-anão em que aparecem as montanhas e planícies de gelo (Foto: NASA/JHUAPL/SwRI)
    “Além de serem visualmente impressionantes, estas névoas baixas sugerem uma mudança no tempo a cada dia em Plutão, assim como ocorre na Terra”, diz Will Grundy, pesquisador do Observatório Lowell, no Arizona, na nota da Nasa.
     
    Trajetória da New Horizons
    A breve passagem da sonda New Horizons por Plutão ocorreu no dia 14 de julho. À noite, a sonda se comunicou com a Terra, indicando que o encontro com Plutão tinha sido bem-sucedido. Na manhã do dia seguinte, durante uma transmissão de dados mais longa, a New Horizons enviou as principais informações obtidas no encontro.

    A sonda espacial viajou durante nove anos por quase 5 bilhões de quilômetros (que é a distância entre Plutão e a Terra) até chegar perto do planeta anão.
    Ela foi lançada em 2006, dos Estados Unidos, a bordo do foguete Atlas. A sonda viajou até Júpiter e usou a gravidade desse planeta como um estilingue para acelerar sua velocidade. Desde então, ficou adormecida e viajou pelo espaço até ser reativada, em dezembro de 2014.

    Sete instrumentos que estão a bordo da sonda captam essas imagens, que serão transmitidas para a Terra. O tempo de transmissão dos dados de Plutão até a Nasa, nos EUA, é de quatro horas e meia.
    9. A imagem mais detalhada de Plutão foi produzida pela sonda New Horizons. As informações detalham de forma inédita o tamanho e as características do planeta anão. Plutão tem cerca de 80km de diâmetro a mais do que se acreditava, ou seja, equivalente a d (Foto: Nasa)Imagem de Plutão foi produzida pela sonda New Horizons em julho (Foto: Nasa)

    sábado, 5 de setembro de 2015

    Sexo e amores proibidos: São Paulo, a cidade da traição

    A cidade é campeã de número de inscritos no site de infidelidade Ashley Madison

    Sexo e amores proibídos: São Paulo, a cidade da traição
    Sexo e amores proibídos: São Paulo, a cidade da traição
    Entre as 25 cidades com mais inscritos no site, estão também Rio de Janeiro e Brasília(Peter Cade/Getty Images)
    Muita gente pode ter sono bem agitado nestes dias, principalmente pouco mais de 374.000 habitantes de São Paulo. Depois do vazamento de quase 10Gb de informações sobre inscritos no site de relacionamento extraconjugal Ashey Madison, o site americano Business Insider divulgou a lista das 25 cidades com mais "clientes" dispostos a trair seus parceiros. São Paulo está no topo da lista, seguida por Nova York e Sydney.
    Hackers vazam dados de usuários de site de infidelidade 'Ashley Madison'
    Confira as cidades com maior número de inscritos no Ashley Madison:
    1 - São Paulo - 374.542
    2 - Nova York - 268.171
    3 - Sydney - 251.813
    4 - Toronto - 222.982
    5 - Santiago - 218.125
    6 - Melbourne - 213.847
    7 - Houston - 186.795
    8 - Los Angeles - 181.918
    9 - Londres - 179.129
    10 - Chicago - 162.444
    11 - Rio de Janeiro - 156.572
    12 - Madri - 135.294
    13 - Bogotá - 123.559
    14 - Brisbane - 118.857
    15 - Brooklyn - 110.859
    16 - Miami - 109.505
    17 - Calgary - 107.021
    18 - San Antonio - 99.157
    19 - Dalas - 97.736
    20 - Brasília - 97.096
    21 - San Diego - 94.953
    22 - Perth - 88.754
    23 - Las Vegas - 87.720
    24 - Atlanta - 86.897
    25 - Filadélfia - 86.018

    Solitários da vida moderna: Nasce um novo personagem, o cibersolitário

    As inúmeras possibilidades de conexão digital representam uma estupenda conquista para a sociedade atual. Mas a ânsia de estar online com tudo e, principalmente, com todos, o tempo inteiro, nos lança na era da solidão acompanhada 

     
    Solitários da vida moderna: Nasce um novo personagem, o cibersolitário
    Solitários da vida moderna: Nasce um novo personagem, o cibersolitário



    PRÓXIMOS, DISTANTES Ainda que não seja utilizado, um celular por perto prejudica a empatia e a comunicação entre as pessoas — mesmo entre casais.Todas as fotografias desta reportagem foram produzidas com smartphones (Foto: Luiz Maximiano e Caio Guateli/VEJA)

  • Você já viu esta cena. Agora mesmo ela pode estar ocorrendo ao seu lado. Um casal, dois ado­lescentes, talvez uma criança dividem uma mesa num restaurante. É razoável supor que se trate de uma família. É razoável supor que a ideia de comer fora tenha surgido como um programa - com o perdão da redundância - familiar. E, no entanto, o que se vê é cada um entretido com seu smartphone, alheio aos vizinhos de cadeira, os dedos dos mais novos movimentando-se com destreza de pianista, os dos mais velhos sem tanta agilidade, é fato, e nem por isso menos ansiosos. Na tela do celular, um desfile infindável de fotos, vídeos, WhatsApp, Facebook, Twitter e Instagram. Ainda que os personagens e o ambiente sejam outros - namorados na fila da bilheteria do cinema, um grupo de amigos em um show, pais à espera dos filhos na saída da escola -, tal tipo de comportamento é cada vez mais frequente. Eles estão juntos, mas separados. Estão próximos, porém distantes. Estão acompanhados - mas sozinhos. São os cibersolitários.
    Bem-vindos à Era Virtual. Essa seria a primeira e mais óbvia conclusão. Em tempos digitalmente corretos, qual­quer pensamento contrário a esse soaria como um elogio à "magia", ao "romantismo", ao encantamento de - para usar um termo adequado - "outrora". Entretanto, não há nenhuma magia, romantismo nem encantamento no atra­so. Seria absolutamente descabido demonizar os avanços tecnológicos, sobretudo com o advento da internet, e a revolução trazida por eles, em especial no quesito comunicação. Ao mesmo tempo, parece inegável haver um ponto a partir do qual as relações virtuais passam a andar na mão oposta à de suas principais conquistas - minando os relacionamentos pessoais "reais".
    Diz a psicóloga e socióloga Sherry Turkle, professora do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), em seu livro Alone Together (Sozinhos Juntos): "A tecnologia é sedutora quando o que oferece preenche nossas vulnerabilidades humanas. E somos, realmente, bastante vulneráveis. Somos solitários, mas temos medo da intimidade. As conexões digitais oferecem a ilusão de estarmos acompanhados, contudo sem as demandas da amizade. Nossa vida virtual permite nos escondermos uns dos outros, mesmo quando estamos interessados. Preferimos teclar a falar". Certa vez, durante sua pesquisa de campo, ela ouviu de um rapaz de 18 anos: "Um dia gostaria de aprender a ter uma conversa de verdade".
    Até pouco tempo atrás, Sherry Turkle era uma inconteste entusiasta do mundo digital. Durante seus estudos sobre o tema, porém, passou a identificar alguns incômodos exageros no mergulho no universo virtual. Isso a levou a rever sua posição, sem deixar de reconhecer os benefícios de viver na Idade da Web. De acordo com a especialista, o argumento mais usado por aqueles que preferem se comunicar quase que exclusivamente por meio de ferramentas digitais é a possibilidade de controlar cada palavra da conversa e, dessa forma, eliminar qualquer perspectiva de ser surpreendido - para o bem e para o mal. No Ambulatório Integrado dos Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, em São Paulo, a psicóloga Dora Sampaio Góes, vice-­coordenadora do Programa de Dependência Tecnológica, já atendeu até mesmo gente que havia perdido o elo com todos os amigos feitos pessoalmente e só conseguia cultivar os virtuais. "É claro que, nesses casos extremos, o indivíduo já tem pouca habilidade social. A internet não muda a índole de ninguém. O que vicia é a possibilidade de melhorar o conceito sobre si mesmo, e isso é justamente o que aumenta a solidão: o abismo entre a persona virtual e a real", acredita ela.
    Uma pesquisa feita pelo Pew Research Center nos Estados Unidos com 2 000 usuários de smartphone, divulgada em abril, mostrou que nada menos do que 47% dos jovens adultos, na faixa entre 18 e 29 anos, usam o dispositivo para deliberadamente evitar as pessoas ao redor - ainda que, vez por outra, possa haver algum tipo de interação entre cibersolitários. A porcentagem diminui conforme a idade aumenta. No mesmo levantamento, enquanto 54% do total de entrevistados assume que o telefone nem sempre é necessário, 46% dizem que não podem mais viver sem ele. Embora o aparelho suscite mais emoções positivas do que negativas - 79% disseram sentir-se mais produtivos com ele, por exemplo -, 57% mencionaram "distração excessiva" e 36%, "frustração" ao utilizar o celular.
    A mera presença de um smartphone - mudo, apagado - já é suficiente para interferir na qualidade da conversa entre duas pessoas. Foi o que revelou o estudo "The iPhone effect" (O efeito iPhone), realizado em 2014. Nele, pesquisadores da universidade Virginia Tech observaram 100 duplas que interagiam em um café por dez minutos. Aquelas que trocaram palavras sem a presença de um iPhone à mesa reportaram maior empatia e proximidade em relação ao interlocutor. O trabalho, feito com voluntários, comparou o contato estabelecido entre pessoas que se conheciam e desconhecidas entre si. Até os desconhecidos que conversaram sem o smartphone por perto relataram um grau maior de empatia do que os conhecidos que fizeram o mesmo na presença de um celular.

    Fé e ciência - Ressureição: o grande dogma do cristianismo

    A comemoração do domingo de Páscoa reafirma o poder da crença na volta à vida do filho de Deus morto na cruz, uma ideia que se fortalece com a passagem dos milênios

    Fé e ciência - Ressureição: o grande dogma do cristianismo
    Fé e ciência - Ressureição: o grande dogma do cristianismo
     
    PIERO DELLA FRANCESCA – Século XV: em exposição no Museo Civico de Sansepolcro, na Itália(ALINARI/Getty Images)
    Por que, depois de pouco menos de 2 000 anos, a crença na ressurreição de Jesus Cristo, um dos mais extraordinários mistérios da fé, ainda exerce efeito tão arrebatador? Disse o apóstolo Paulo, o grande disseminador das palavras de Jesus, em suas cartas aos coríntios, anotadas no Novo Testamento: "Se Cristo não foi ressuscitado, nós não temos nada para anunciar e vocês não têm nada para crer. (...) Se Cristo não foi ressuscitado, a fé que vocês têm é uma ilusão. (...) Se Cristo não ressuscitou, os que morreram crendo nele estão perdidos. (...) Se a nossa esperança em Cristo só vale para esta vida, nós somos as pessoas mais infelizes deste mundo". A ideia da ressurreição foi a faísca do cristianismo, que então deixou de ser uma seita do Império Romano para se transformar na maior religião do planeta.
    Três dias haviam se passado da morte agonizante de Jesus na cruz do Gólgota, ponto final do calvário. Era uma madrugada de domingo, Páscoa judaica. Ainda estava escuro, e Maria Madalena foi ao sepulcro ungir o corpo de Jesus com especiarias. Ao se aproximar, viu o túmulo aberto e saiu correndo para avisar os discípulos. Eles entraram e encontraram o sepulcro vazio. Apenas a mortalha que envolvia o corpo de Cristo estava lá. Maria Madalena, dizem os textos sagrados do cristianismo, permanecera distante, chorando, quando dirigiu o olhar em direção ao túmulo e avistou dois anjos, que lhe perguntaram: "Mulher, por que você está chorando?". Ela respondeu: "Levaram embora meu Senhor e não sei onde o puseram". Maria Madalena então olhou para trás e viu uma figura humana em pé que ela pensou se tratar do jardineiro, à qual se dirigiu: "Se o tirou daqui, diga onde o colocou e eu irei buscá-lo". A resposta veio curta: "Maria". Nesse momento ela reconheceu Jesus e respondeu: "Mestre". Descrita no Evangelho de São João, essa história, tão singela quanto misteriosa, resistiu e se fortaleceu com a passagem dos milênios.
    Para os cristãos, a ressurreição tem mais valor do que os sermões e os milagres de Jesus em vida. Como disse São Paulo aos coríntios, sobre ela foi erguida toda a catedral de fé do cristianismo. Sem ela, toda a esperança humana se resume aos limites da vida terrena. Com ela, a vida terrena é uma vida vicária, uma vida no lugar da verdadeira vida eterna. "Quem crê em mim, ainda que morra, viverá, e quem vive e crê em mim nunca morrerá", disse Jesus.
    Do ponto de vista do proselitismo religioso, do convencimento dos fiéis, a ressurreição é vital pela transcendência. Ela é a garantia de uma graça concedida a toda a humanidade - a da vida eterna. "Sob o aspecto antropológico da fé, a doutrina da ressurreição é a resposta à vontade mais primitiva do ser humano, a da imortalidade", diz monsenhor Antonio Luiz Catelan Ferreira, teólogo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná. O cristianismo conquistou o paganismo romano com a promessa da vida eterna, de mãos dadas com o Cristo ressurrecto. Nas palavras do filósofo marxista alemão Ernst Bloch (1885-1977): "Não foi a moralidade do Sermão da Montanha que permitiu ao cristianismo conquistar o paganismo romano, e sim a crença de que Jesus se erguera dos mortos. Numa era em que os senadores romanos competiam para ver quem tinha mais sangue de cordeiro na própria toga - acreditando que isso evitaria a morte -, o cristianismo competia pela vida eterna, e não pela moralidade"

    Galileia há 2.000 anos: O que a história tem a dizer sobre Jesus

    Pesquisas de historiadores ajudam a confirmar que, de fato, Jesus caminhou sobre a região da Galileia há 2.000 anos. As descobertas, no entanto, não devem satisfazer aqueles que levam a Bíblia ao pé da letra

    Ao longo dos séculos, Jesus foi interpretado de maneiras diversas por religiosos
    Galileia há 2.000 anos: O que a história tem a dizer sobre Jesus
    Ao longo dos séculos, Jesus foi interpretado de maneiras diversas por religiosos, artistas e governantes. O trabalho dos historiadores é deixar toda essa carga teológica para trás e encontrar o homem e a mensagem que deu origem a tudo(Reprodução/VEJA)
    O pesquisador americano Joseph Atwill é categórico: Jesus não passa de um mito. O personagem, suas palavras e ações fazem parte de uma elaborada narrativa inventada por aristocratas romanos, com o objetivo de pacificar os judeus - um povo envolvido em sucessivas rebeliões contra o império. Atwill apresentou suas ideias em outubro, numa conferência realizada em Londres, na Inglaterra. "Os romanos perceberam que o melhor caminho para acabar com a atividade missionária fervorosa entre os judeus era criar um sistema de crenças que competisse com o deles", afirmou.
    Joseph Atwill não é um acadêmico da área - sua formação é em ciências da computação. Ele não publicou suas pesquisas em periódicos científicos e suas ideias estão longe de ser apoiadas por seus pares. No entanto, sua teoria recebeu atenção mundial, e foi debatida entre pesquisadores, jornalistas e religiosos. Seu poder está no fato de ela ser o capítulo mais novo de uma antiga discussão - com quase 2.000 anos de idade - sobre qual é a verdade por trás de Jesus, seus feitos, milagres e mensagem.
    Para Atwill, a ideia de que Jesus não passaria de uma montagem histórica deveria funcionar como um duro golpe aplicado pela ciência contra a ignorância propagada pela religião. "Embora o cristianismo possa ser um conforto para alguns, ele também pode ser muito prejudicial e repressivo, uma forma insidiosa de controle mental que levou à aceitação cega da servidão, pobreza e guerra ao longo da história", diz. Seu erro é que a existência de Jesus não é mais uma questão de fé, mas de ciência.
    Os acadêmicos da área - historiadores das mais prestigiadas universidades do mundo - afirmam restar poucas dúvidas sobre a questão. "Volta e meia aparecem essas hipóteses sobre Jesus ser um mito. Mas, do ponto de vista metodológico, parece bastante claro que ele realmente existiu", diz André Chevitarese, professor do Instituto de História da UFRJ e autor dos livros Jesus Histórico - Uma Brevíssima Introdução e Cristianismos: Questões e Debates Metodológicos (Editora Kline), em entrevista ao site de VEJA.
    Jesus histórico - Os historiadores deixam claro que o personagem estudado por eles não é o mesmo da religião. Eles estão em busca de informações sobre o homem chamado Jesus, que viveu na Galileia há 2.000 anos e em torno do qual foi criada a maior religião do mundo. "Os historiadores não buscam um ser divino, que é impossível de quantificar, medir e avaliar. O Jesus da história é estritamente humano", afirma Chevitarese.
    Nessa busca pelo Jesus histórico, a perspectiva dos pesquisadores lembra a de São Tomé, o apóstolo que duvidou de Cristo e exigiu provas de sua ressurreição. Do mesmo modo, os historiadores não podem acreditar cegamente no que dizem as religiões e seus líderes, mas devem embasar tudo que afirmam em evidências. Essas provas não precisam ser, necessariamente, físicas, como a descoberta de uma ossada ou um túmulo. "Se esse critério fosse adotado, 95% dos personagens históricos não seriam reconhecidos", diz o pesquisador.
    Hoje, o critério mais importante que os pesquisadores possuem para atestar a existência de Jesus é o da múltipla confirmação: autores diferentes, que nunca se conheceram, afirmam fatos semelhantes sobre o personagem.
    Os textos mais antigos sobre Jesus datam do século I, em sua maioria escritos por seguidores do cristianismo. A exceção é Flávio Josefo, um historiador judeu que tentou escrever toda a história do povo judaico, desde o Gênesis até sua época. Ele cita Jesus, João Batista e Tiago (irmão de Jesus) como exemplos de homens que lideraram movimentos messiânicos na região da Galileia.
    No século seguinte, surgem mais textos de historiadores que citam Jesus e, principalmente, o movimento iniciado por seus seguidores. "Esses dados servem para mostrar que não estamos no campo da mitologia. São autores judeus e romanos, que nunca se tornaram cristãos, e permitem afirmar de modo muito seguro que Jesus é um personagem histórico."
    O homem - A esses textos se somam descobertas recentes da arqueologia que fornecem informações precisas sobre o tempo e o espaço em que Jesus viveu. Os dados não são abundantes, mas permitem esboçar como se pareceria esse personagem histórico real. "Não podemos afirmar exatamente a cor de pele e cabelo de Jesus. A partir dos mosaicos e dos afrescos que retratam outros romanos, judeus e sírios que viviam no mesmo ambiente, a tendência maior é de vermos um Jesus de cabelos preto, com a pele queimada por causa de sol", diz Chevitarese.
    Segundo a maior parte dos historiadores, Jesus não nasceu em Belém, como afirmam algumas passagens bíblicas, mas em Nazaré - uma pequena aldeia montanhosa da Galileia, cuja população era camponesa e girava em torno de 500 indivíduos. "A aldeia não tinha nenhuma relevância política, não possuía construções públicas ou sinagogas. Os escritores dos Evangelhos mudaram o lugar por razões teológicas, para que o nascimento de Cristo confirmasse algumas profecias do Antigo Testamento."
    Jesus teria nascido na pequena vila em torno do ano 4 A.C., e teria passado a maior parte de sua vida na região, sem nunca pisar em uma cidade grande. A exceção acontece quando ele entra em Jerusalém - ato que teria como consequência sua crucificação pelas autoridades romanas. Sua morte deve ter acontecido por volta dos anos 35 e 36 D.C., pouco tempo depois de João Batista também ter sido morto pelos romanos, segundo a narrativa de Flávio Josefo.
    A mensagem - Segundo os historiadores, tão importante quanto quem era Jesus é o que ele dizia - foi sua mensagem poderosa que repercutiu em todo o mundo e, séculos mais tarde, deu origem às diversas vertentes religiosas. "Ele era um camponês pobre que, diante das injustiças que o mundo apresentava, defendia a instauração do Reino de Deus - um reino de justiça e fartura, sem hierarquias sociais", diz Chevitarese.
    A mensagem espiritual - e messiânica- de Jesus era voltada especialmente aos judeus de seu tempo. Ela, no entanto, adquiria caráter político ao afrontar o Império Romano e setores da elite judaica. Foi justamente a força dessa mensagem, e os rebanhos que ela poderia angariar, que levaram à sua crucificação e morte. Como aconteceu muitas vezes na história, no entanto, o assassinato de Jesus não conseguiu matar suas ideias.
    Jesus teológico - Jesus nunca chegou a colocar suas ideias no papel (nem poderia, os historiadores afirmam que ele era analfabeto). A maior parte do que chega aos dias de hoje sobre o personagem e suas ideias foi escrito por seguidores das primeiras comunidades cristãs, duas ou três gerações depois de sua morte. Os autores não estão preocupados em transmitir uma versão fiel dos fatos, como uma biografia, mas em defender os pressupostos de sua fé. Assim, os primeiros cristãos que escrevem sobre Jesus - os evangelistas - já não estão fazendo história, mas teologia.
    Nessa época o cristianismo começava a se distanciar do judaísmo em que ele estava originalmente inserido, e a se aproximar do Império Romano - o que exigiu algumas mudanças em sua mensagem. "Ao serem escritas, suas ideias começam a ser diluídas, pois vários filtros são impostos. Primeiro, Jesus é um indivíduo de fala aramaica, mas quase tudo que conhecemos sobre ele está escrito em grego. Além disso, os textos são destinados a convencer um público urbano, muito diferente dos camponeses para quem Jesus pregava", diz Chevitarese.
    Com o passar dos séculos, isso abriu margem para que vários teólogos interpretassem as escrituras de maneiras variadas, criando as inúmeras vertentes do cristianismo que se encontram nos dias de hoje. Assim, a depender de quem faz a homilia, Jesus pode ser visto como um personagem sagrado ou humano, santo ou falho, foco de paz ou de guerra, de fundamentalismo ou de liberdade.
    É por isso que o estudo do Jesus histórico é importante. "Ele pode ajudar a colocar um freio naqueles que querem transformar pressupostos teológicos em verdades históricas", diz Chevitarese. Seu objetivo não é acabar com a teologia ou retirar da história de Jesus seu caráter espiritual. O que a ciência faz é descobrir o que, de fato, pode ser afirmado sobre o homem e sua época. As muitas lacunas que permanecerão abertas apresentam mistérios suficientes para que a religião possa se instalar.

    Os autores dos Evangelhos conheceram Jesus?

    A maior parte dos historiadores concorda que nenhum dos evangelistas foi testemunha ocular da vida de Jesus. Os Evangelhos, na verdade, faziam parte de uma grande variedade de textos que circulavam nos primeiros séculos depois de Cristo e representavam o que algumas das comunidades cristãs pensavam (os Evangelhos que foram deixados de lado pela tradição católica se tornaram conhecidos como apócrifos). Os textos têm autoria anônima, e os pesquisadores possuem poucas informações sobre sua exata origem geográfica. O que se sabe é que eles foram criados a partir de relatos, memórias, tradições e textos mais antigos, que circulavam entre as primeiras comunidades cristãs. Eles teriam sido escritos entre o ano 60 e o 120, e só no século II é que seus autores foram atribuídos — o primeiro Evangelho a Marcos, e o último a João. Com o passar dos séculos — e com a ortodoxia cristã tendo relações cada vez mais próximas ao Império Romano — surgiu a preocupação de delimitar exatamente quais os textos que guardavam a memória verdadeira sobre Jesus. Por volta do século IV, depois de sérias disputas teológicas, a Igreja finalmente escolheu quais haviam sido inspirados por Deus — criando o cânone do Novo Testamento. "Decidiu-se assim quais textos seria destruídos e quais preservados, e quais tradições cristãs seriam perseguidas e quais aceitas pela Igreja", diz André Chevitarese, professor do Instituto de História da UFRJ e autor dos livros "Jesus Histórico - Uma Brevíssima Introdução" e "Cristianismos: Questões e Debates Metodológicos" (Editora Kline), em entrevista ao site de VEJA. Dentre os textos do Novo Testamento, aqueles que os historiadores atribuem, de fato, a alguém que conviveu com Jesus são as encíclicas escritas por Paulo — pelo menos sete delas teriam sido ditadas pelo apóstolo. "Na forma como o Novo Testamento está organizado, os quatro Evangelhos aparecem antes dos textos de Paulo. No entanto, as encíclicas foram escritas primeiro. O pesquisador tem de começar a ler por elas — assim fica mais fácil entender a evolução das primeiras comunidades cristãs."

    Como era a família de Jesus?

    A família de Jesus é citada em diversos pontos das escrituras, de Maria e José até seus irmãos e primos. No Evangelho de Marcos, o primeiro a ser escrito, seus parentes são mostrados de forma bastante distanciada. Em certo momento, eles tratam Jesus como maníaco, afirmando que suas atividades como pregador só poderiam ser fruto da loucura. Jesus se afasta, e passa a defender uma nova percepção de família, formada por aqueles que estão juntos dele, fazendo a vontade de Deus. Nos outros Evangelhos, no entanto, a família é mostrada como sendo muito mais próxima do movimento de Jesus — com destaque especial para a figura de Maria, presente em momentos-chave da história. Em Atos dos Apóstolos, o livro bíblico que narra o que acontece com os discípulos após a ressurreição, a família recebe ainda mais destaque: os parentes de Cristo estão entre os principais pregadores da nova religião cristã que passa a ser construída. Dessa vez, o destaque fica para Tiago, irmão de Jesus e um dos principais líderes do cristianismo primitivo. "Do primeiro texto, em que a família vê Jesus como um louco, ao último, onde são eles que levam adiante o cristianismo, parece haver uma contradição — mas não necessariamente. Pode ser que, com o passar do tempo, a família tenha se reaproximado de Jesus, e tomado seu lugar na Igreja", diz André Chevitarese. A citação bíblica aos irmãos de Jesus é alvo de grandes discussões entre acadêmicos e teólogos, pois pode afrontar uma das principais crenças da igreja católica: a da virgindade de Maria. Ao longo dos séculos, os teólogos católicos esboçaram possíveis explicações para isso. Uma delas diz que eles seriam, na verdade, meios-irmãos de Jesus, filhos de um primeiro casamento de José. Outra explicação afirma que o termo grego utilizado no texto bíblico original pode significar tanto primo quanto irmão, e teria havido uma confusão nas traduções. Essa segunda interpretação também pode estar correta. "A noção de família que se apresenta no contexto do século I mediterrâneo é muito diferente da atual. Ela é uma família extensiva, onde todos os parentes orbitam em torno de uma figura masculina mais velha. Nesse ambiente, o primo pode, sim, ser um irmão."

    João Batista existiu?

    Assim como Jesus, João Batista é um personagem histórico. Segundo diversas fontes da época, ele era um importante pregador judeu que viveu na Galileia durante o século I. O tipo de movimento messiânico comandado por João e Jesus era bastante comum na época. Esmagados pelo Império Romano, os camponeses judeus eram levados a esperar pela intervenção de um salvador que fosse mudar os rumos da história. O historiador judeu Flávio Josefo cita dezenas de candidatos a messias em seus textos. Segundo as fontes históricas, o movimento liderado por João Batista chegou a ser, por certo tempo, mais importante que o de Jesus. "O número de páginas que Josefo dedica a Batista é muito maior do que o dedicado a Jesus. O historiador narra como Herodes reconhece sua força e manda matá-lo. Isso mostra que era Batista quem realmente desafiava Roma em sua época", diz André Chevitarese. Na verdade, segundo os historiadores, Jesus pode ter sido um discípulo de João Batista — teria sido com ele que aprendeu a batizar, exorcizar e a desafiar as autoridades romanas. Acontece que, em algum momento, discípulo e mestre romperam. "As ideias dos dois eram muito diferentes. Enquanto João acreditava em preparar o caminho para um personagem divino intervir na história, Jesus dizia que essa personagem já veio, e era ele mesmo", diz o pesquisador. Os próprios Evangelhos podem servir para mostrar o quanto João Batista era importante em seu tempo histórico. Segundo os pesquisadores, a necessidade que os evangelistas demonstram ter de citá-lo em seus textos se deve ao fato de sua memória ainda continuar forte no século I. Assim, os autores precisam mostrar que esse personagem, que até então permanecia independente do cristianismo, poderia ser amarrado à sua própria teologia. "Os cristãos tiveram a necessidade de mostrar que João Batista enxergou em Jesus o Messias. Assim, eles conseguiram demonstrar ainda mais o valor de Jesus."

    Jesus sabia ler?

    Jesus demonstra saber ler em dois momentos da Bíblia. O primeiro deles acontece no Evangelho de Lucas, quando ele entra em uma sinagoga na cidade de Nazaré e começa a ler textos escritos pelo profeta Isaías. O segundo é mostrado no Evangelho de João, onde Jesus aparece escrevendo. Logo depois de intervir no apedrejamento de uma mulher — usando o conhecido desafio de "quem nunca tiver pecado que atire a primeira pedra" — ele se abaixa e começa a escrever no chão. O problema é que ambos os trechos apresentam problemas. Não existe nenhum indício de sinagoga em Nazaré e, mais importante, o verbo grego para ler é o mesmo para memorizar — Jesus poderia simplesmente ter decorado a passagem de Isaías. Ao mesmo tempo, o trecho tirado do Evangelho de João (capitulo 8, versículo 8) é bastante discutido entre os pesquisadores. Muitos deles vêm a passagem como uma alteração tardia feita à Bíblia, adicionada já no século V. A verdade é que as estimativas dos historiadores mostram que entre 95% e 98% da população que vivia naquela região do mediterrâneo era analfabeta. Seria natural que Jesus, um camponês pobre que nasceu e nunca saiu daquele ambiente, estivesse dentro dessa estatística. "Na verdade, o maior incômodo com o fato de Jesus ser analfabeto vem do mundo contemporâneo. Hoje, se assume que uma liderança — politica, religiosa ou econômica — precisa ter feito até faculdade, quanto mais saber ler. Mas essa não era uma demanda dos discípulos."

    Qual era a religião de Jesus?

    "Jesus nasceu judeu, viveu judeu, e morreu judeu", responde André Cheviterese. Foi só nos séculos seguintes à sua morte que a Igreja começou a se distanciar do judaísmo e a se aproximar do Império Romano. Nesse processo, a teologia cristã vai se tornando cada vez mais arredia aos judeus, resvalando até no antissemitismo — o que transparece nos Evangelhos, principalmente no de João. "Acho que a base para se entender isso está na tensão que é criada entre a comunidade cristã joanina [que se pretendia seguidora do apóstolo João] e a religião judaica. A partir da década de 80 do século I, seu proselitismo se torna tão agressivo que eles são expulsos das sinagogas. A partir daí, se tornam muitos hostis", diz o pesquisador. Assim, no Evangelho de João (capítulo 8, versículo 44), Jesus se refere aos judeus como Filhos do Diabo, adoradores de um Deus homicida e mentiroso. Do mesmo modo, a narração deixa de mostrar Jesus sendo morto de forma sumária pelos romanos. Segundo os textos, ele é assassinado a pedido dos judeus — Pôncio Pilatos até lava as mãos. "Essas passagens não deixaram de ser repercutidas desde então, e foram usadas, inclusive, para perseguir os judeus. Por sorte, a Igreja se desviou dessa visão nas últimas décadas", afirma o historiador.

    Jesus seria casado com Maria Madalena?

    Maria Madalena é uma das figuras mais importantes e disputadas de todo o cristianismo. Ela costuma ser usada como a prova de que Jesus teria apóstolos e apóstolas — o que contraria a doutrina religiosa de só permitir padres do sexo masculino. Mais que isso, ela é uma personagem central dos Evangelhos, pois é a primeira a visitar o sepulcro de Jesus e perceber que seu corpo não estava lá — e a primeira a reconhecer o Cristo ressuscitado. Do século I ao IV, houve uma grande disputa dentro do cristianismo para decidir se mulheres poderiam ou não assumir funções de proeminência nos ritos religiosos. "No ano 591, o papa Gregório Magno proferiu uma homilia onde juntava duas personagens diferentes citadas no Evangelho de Lucas. Ele afirma que uma mulher vista como pecadora (uma prostituta) e Maria Madalena eram a mesma pessoa. Desse modo, sugere que as mulheres são demoníacas", afirma Chevitarese. No século XIX, a Igreja finalmente voltou atrás: Maria Madalena deixa de ser prostituta e é promovida a santa. Mesmo assim, sua imagem como pecadora continua entranhada no imaginário cristão. Quanto às teorias que defendem seu casamento com Jesus, elas têm origem em uma passagem do Evangelho de Felipe, um dos livros apócrifos, onde os dois personagens aparecem se beijando. "Analisando esse trecho com os olhos de hoje, alguns pesquisadores enxergaram um elemento erótico na cena. Mas no mesmo evangelho Jesus beija seus apóstolos homens. Isso não tinha nada de anormal. Usar isso para afirmar que Jesus tinha um caso com Maria Madalena passa longe de fazer história."

    Jesus foi traído por Judas?

    Os pesquisadores costumam concordar que Jesus foi traído e entregue por um de seus discípulos para o exército romano. Mas o traidor é desconhecido. A figura de Judas — desde seu nome até seus trejeitos — parece ter sido criada sob medida para objetivos teológicos. "Ele é fruto de uma teologia evidentemente antijudaica. Seu nome remete a Judá, a Judeia. Suas características também vêm das caricaturas que se fazem dos judeus: ele ama o dinheiro, é traidor e ladrão. Do século 2 em diante, isso vai, de novo, ser usado como ferramenta antissemita. Quando pensado em seus efeitos de longo prazo, isso é muito cruel. É só lembrar da malhação de Judas, por exemplo", diz Chevitarese. As próprias narrativas da morte de Judas servem como exemplo de que o personagem é mais fruto da teologia do que de história. No Evangelho de Mateus, ele se enforca. No Ato dos Apóstolos, ele tropeça, rasga a barriga e morre. E nos textos de Papias, um autor cristão contemporâneo ao Evangelho de João, ele come até explodir.

    Jesus foi crucificado?

    A crucificação é, sim, um fato histórico. Já o contexto que a cerca, como o julgamento de Jesus e a via-crúcis, não é. Ser pregado em uma cruz era a penalidade aplicada pelos romanos aos escravos que matavam seus senhores, aos escravos que se rebelavam e aos rebeldes políticos — categoria onde Jesus poderia ser facilmente incluído. O historiador Flávio Josefo, por exemplo, cita uma cena onde milhares de judeus foram crucificados após uma rebelião em Jerusalém. Quanto à Via Crúcis e ao julgamento, eles dificilmente seriam realizados pelo governo romano naquelas circunstâncias. Jesus foi preso em Jerusalém, na sexta-feira que antecede a Páscoa. Acontece que nessa época do ano a cidade estava lotada de judeus de todos os cantos, desde o Mediterrâneo até o Oriente Médio, vindos para as festividades. Além disso, a Páscoa judaica não é uma festa apenas religiosa, mas também política — ela celebra a passagem dos hebreus da escravidão para a liberdade. "Nesse ambiente explosivo, é claro que as autoridades romanas não iam prender uma liderança judaica, fazer um julgamento público e colocá-lo para desfilar de forma humilhante pela cidade, arrastando uma cruz. Isso seria uma provocação desnecessária, um tiro no pé", diz Chevitarese. Pôncio Pilatos é um personagem histórico. Os pesquisadores sabem, a partir de escavações arqueológicas da década de 1960, que ele realmente foi um procurador romano radicado na região da Judeia. Mas não existe nenhum registro dos ritos seguidos pelo personagem na Bíblia. As autoridades romanas, por exemplo, nunca se ofereceram para soltar um prisioneiro judeu, a gosto do público. "Essas passagens foram colocadas para reforçar o caráter messiânico de Jesus. Elas são baseadas em profecias do Antigo Testamento, mas sua plausibilidade histórica é zero."

    Fonte/Veja.com

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