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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Organização, beleza e força espiritual dos yorubás

Lendas do aparecimento do Orisa Ogum Asiwaju ou "A Divindade Ogum, aquela que toma a dianteira" e que se confundem, também, com o desenvolvimento de urna nova forma de aglutinação política - a de cidades-estados - as quais, no início do III século d.C., já estavam consolidadas historicamente. 

A informação de viajantes eruditos árabes e a partir da difusão da religião islâmica entre os povos de raça negra, toma-se conhecimento da existência de uma poderosa confederação de cidades-estados, a Ilu Ulkumy, situada por eles na mesma região africana a que anteriormente nos referimos, entre o Rio Volta e a confluência dos rios Benue-Níger, indo ainda do Oceano Atlântico ao lago Chade, logicamente uma região maior do que aquela que inicialmente citamos como Nok, pois representa mais de 1.500 anos de expansão territorial dos primeiros Reis-Ferreiros. 

As lendas místicas dos Awon Orisa ou as muitas Divindades, mormente: 1. As de Oduduwa, Orunmila e Ooni para a cidade santa de Ile Ife. 2. As de Osun para a região de Ijesa e Ijebu. 3. As de Esu para Ile Ife e Ketu. 4. As de Oranmiyan e Sango, para a região da cidade de Oyo. 5. As de Ogum para a região Ekiti, Ire e Ondo. 6. As de Yemoja para a região de Egba. É preciso, ainda, remarcar a precedência de outras Divindades anteriores a estes Awon Orisa fundadores de Dinastias, (os heróis conquistadores, ao assumirem o poder, adotavam o nome da Divindade protetora de seu clã vitorioso), precedência esta que mais faz recuar o aparecimento da civilização nesta área. 

Aquelas Divindades anteriores foram assimiladas ao Panteão Divino Ulkumy, tais como Osumare, Nana Buruku e Obaluaiye, pois já faziam parte da civilização anterior à Idade do Ferro e dos lendários Reis-Ferreiros. E, assim, sem dúvidas, foi a religião dos Awon Orisa, emanada da Cidade Santa de Ile Ife, que representou o "cimento" espiritual e cultural que agrupou e deu forma política às cidades-estados Ulkumy que, já no século IV d.C., falavam dialetos regionais de uma mesma língua e partilhavam da mesma cultura e costumes, além da mesma e única religião. 

Era da Cidade Santa de lle Ife que, nos primeiros tempos, emanava todo o poder teocrático e era para ela também que regressavam os "restos mortais" e as insígnias reais de todos os Alafin, Oba e Oni, ou seja, dos Reis de Ilu Ulkumy e que reinaram sobre Owo, Save, Popo, Benin, Ketu, Oyo, Ijebu, Ilesa, Onistisa e outros reinos menores, tão forte era essa sua referência centralizadora de retorno à origem mítica e mística. Mesmo quando as entidades espirituais Ulkumy, os Awon Orisa, mudaram de denominação em algum desses reinos, como para Vodun no Daomé, foram sempre a liturgia e a ritualística emanadas da cidade santa de Ile Ife que mantiveram o vínculo recíproco entre essas cidades-estados e ancestralidade Ulkumy, mesmo com acréscimos ou supressões causados por regionalismos ocasionais. 

O  Oni (Rei) quando este se tornava culpado de exação ou crime escandaloso, obrigavam-no a andar com uma cabaça vazia ou então com ovos de papagaios. Era o primeiro dos Oyo-Mesi o encarregado de levar ao rei esta terrível monção de censura. Dirigia-se, aliás, a ele em termos carregados de humos negro: "as nossas sessões de Adivinhação", dizia-lhe ele, "revelam-nos que seu destino é mau e que seu Orun (seu outro ser celeste) já não tolera que continue aqui na Terra. 

Se o Oyo-Mesi tinha tal poder era porque desde os tempos lendários havia se consolidado o poder religioso com o poder governante, sendo os Reis de certa forma controlados ritualmente pelos Awoni Babalawo ou os "Sacerdotes do Orisa Orunmila-Ifa" para os assuntos reais recrutados entre os membros da 16 famílias aristocratas fundadoras de Ile Ife que controlavam uma sociedade religiosa secreta, a Ogsoboni, a qual congregava todos os Awon Babalawo que, com freqüência, também compunham o Conselho de Chefes de Clãs Familiares das Municipalidades. 

A cidade de Benin, à aquela época! Eis apenas uma pequeníssima parcela dessa descrição, diz-se que era uma cidade com planta retangular, murada e cercada de um fosso profundo ... Havia trinta grandes ruas muito direitas, com 26 "pés" de largura, com uma infinidade de ruas transversais ... As casas estavam perto umas das outras e alinhadas em boa ordem ... Estes povos não ficam atrás dos holandeses em limpeza ... Lavam e esfregam tão bem as suas casas, que elas se encontram polidas e brilhantes ... Estes pretos são muito mais civilizados que outros desta Costa. 

Este território, entre Ardres (Allada) e Benin situa-se. Os indivíduos deste país são guerreiros temíveis, invadindo várias vezes Allada com um exército de várias centenas de milhares de cavaleiros. A influência sociocultural desses ferozes guerreiros era também proporcional à sua beligerância, à sua própria língua. Não era somente pelo poder das armas, mas também pela possibilidade dos vencidos integrarem-se na Confederação e absorverem, assim, os benefícios de uma cultura social e comercial superior à sua.

O Baalé - que governava por um período de 14 anos, coadjuvado por um Conselho de Chefes de Clãs Familiares que desempenhavam as funções de "guarda dos costumes", polícia municipal, coletoria de impostos, tribunal regional e controle aduaneiro das portas de muralhas citadinas e, com freqüência, eram os Babalawo ou "Sacerdotes do Orisa Orunmila-Ifa" que exerciam também estas funções. Tinham, pois, uma classe sacerdotal influente, respeitada e atuante nos negócios do Estado. 

Para isso, além do sistema monetário citadino que usava o Owo ou "Búzio" como moeda interna, dispunham de outros sistemas de troca baseados em barras de ferro, bronze e de sal gema para transações regionais e, também, pepitas e ouro em pó para seus negócios internacionais praticados através das rotas comerciais árabes do Mar Mediterrâneo e do Oceano Índico. Toda essa cultura de extremo vigor, beleza e qualidade, da qual só pudemos dar aqui uma pálida idéia, começou a ruir com a chegada dos primeiros aventureiros, primeiramente árabes e depois europeus, nos meados do século XVIII e acentuou-se com o aumento do tráfico negreiro com os holandeses, franceses e ingleses municiando com armas de fogo, às vezes com excelente qualidade, todas as fações internas que passaram a se degladiar para, qualquer que fosse o resultado das contendas, continuar recolhendo o "Ouro Negro" para as suas incipientes feitorias coloniais nas Américas e na Ásia. 

Foram escravizados e amostrados como simples "símilles" de "macacos pagãos que viviam trepados em árvores" e chamados por Lucumis (pelos espanhóis em Cuba), Yarribas ou Yorubas (pelos Ingleses nas Antilhas e América), ou pior, por Nàgôs (pelos franceses e portugueses) em seu suposto sentido mais pejorativo de "lixo" como os apodavam seus inimigos daomeanos e como se difundia nas Colônias a que foram aportados, na tentativa de se justificar o nefando tráfico negreiro.

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